No
dia 17 de agosto de 1927, no jornal “Correio da Manhã”, foi
noticiado o “hediondo crime da Ilha do Ribeiro”. Um dia antes, a
polícia foi avisada sobre um cadáver encontrado naquele local,
distante apenas 2 km do local onde tinha sido visto pela última vez
Alamiro José Ribeiro.
O
corpo estava no interior da mata, estendido sobre uma ramagem, de
barriga para cima. Um policial aproximou-se e levantou o paletó que
cobria a parte de cima do cadáver. Tratava-se de um rapaz de
aproximadamente 20 anos. O policial também retirou de cima dele a
calça e a ceroula que lhe cobriam o ventre e as pernas. Estava
vestido apenas com a camisa e ainda calçava meias, presas por ligas,
como era comum na época. Próximos ao corpo estavam os sapatos da
vítima.
Logo
chegou ao local Antonio José, que reconheceu na hora o corpo como
sendo do cunhado Alamiro.
Em
exame superficial, os peritos logo perceberam que o rapaz havia sido
estrangulado com o cipó verde que ainda estava enrolado no pescoço.
O corpo tinha marcas acentuadas de atos de crueldade, como contusões
fortes nas nádegas e ferimento na cabeça. Aparentemente, não havia
sinais de sevícias, mas isso só poderia ser confirmado na
necropsia.
Perto
do corpo, a polícia apreendeu uma bolsa de fumo e um boné. Um dos
investigadores do caso logo se lembrou de um detento que saíra havia
poucos dias da Casa de Detenção. Com pressa de resolver o caso,
dirigiu-se para lá e não demorou para que o colega de cela do
suspeito confirmasse que os objetos eram de Febronio Índio do
Brasil. O homem ainda declarou que o boné era seu e que Febronio o
havia furtado dele antes de ser solto. Dono de extensa ficha
criminal, ele era muito conhecido pelos policiais do RJ.
Ao
chamarem Antonio José de Moura, este reconheceu a fotografia do
suspeito entre outras tantas providenciadas pelos policiais.
Febronio,
vulgo Tenente, usava nomes diferentes: Teborde Simões de Mattos
Indio do Brasil, Fabiano Indio do Brasil, Pedro de Souza, Pedro João
de Souza, José de Mattos, Febronio Simões de Mattos e Bruno
Ferreira Gabina.
O "Filho da Luz" |
Seus
registros criminais incluíam 37 (trinta e sete) prisões pela
polícia, 8 (oito) entradas na Casa de Detenção e 3 (três)
condenações. Havia sido preso por vadiagem, furto, roubo, chantagem
e fraude. No dia 8 de agosto daquele mesmo ano, tinha sido libertado
da Casa de Detenção, depois de responder a um processo por crime de
homicídio. Tinha espancado até a morte, com socos e pontapés,
Djalma Rosa, um menos da mesma cela que não aceitara suas propostas
indecorosas. Foi absolvido em 18 de julho de 1927, mas levado
novamente para averiguações à Casa de Detenção. Quando colocado
em liberdade, vestia farda azul-marinho e boné escuro.
Todos
os agentes da 4ª DP foram destacados para seguir Febronio, que foi
procurado em São Cristóvão, São João de Meriti e Petrópolis,
sem sucesso. Febronio foi preso na estação Barão de Mauá, ao
tentar entrar no trem da Leopoldina. Portava niqueis, papeis sem
importância, uma cautela, uma chave costurada no cós da ceroula e
um vidro com tinta de tatuagem. Não reagiu à prisão, mas negou os
crimes.
Na
delegacia, Febronio declarou nada saber sobre o assassinato de
Alamiro e o sumiço de Jonjoca. Disse que quando saiu da cadeia,
dirigiu-se a Petrópolis, onde exercia a função de
cirurgião-dentista, tendo sido preso e encarcerado por vários dias.
Quando liberto, foi ao RJ localizar seu diploma de dentista, em data
após o desaparecimento das duas vítimas.
Interrogado,
Febronio alegou que, àquela hora da noite sua memória não era tão
fresca quanto de dia, por causa de uma enfermidade que o levou ao
hospício anos atrás. Confirmou apenas que induzira o menino Jonjoca
a acompanhá-lo mas não lembrava onde o tinha deixado.
Jornal da época |
Pela
manhã, em novo interrogatório, Febronio confessou o assassinato de
Alamiro. Disse que da Tijuca tomaram um bonde para Cascadura,
compraram bebida à base de cachaça e estiveram no cinema Ideal.
Seguiram, então, para o Alto da Boa Vista, beberam tudo e foram para
a ilha do Ribeiro onde, após uma discussão, enrolou um cipó no
pescoço de Alamiro e só parou de apertar quando o rapaz dormiu. Ao
acordar, assustado ao perceber que Alamiro estava morto, partiu para
Ipanema onde furtou o paletó e o colete que usava quando foi preso,
não sabendo dizer o que havia feito com a roupa que usava no dia do
crime, nem a localização da casa em que praticou o furto.
Febronio,
em clara demostração de confusão mental – que, para todos ali,
não passava de dissimulação – alternava entre assuntos estranhos
e raciocínio lógico. Comentou sobre a religião que criou quando
estava na Colônia Correcional, e que havia sacrificado Alamiro em
benefício da humanidade, que está corrompida. Disse que não matou
Jonjoca, pois, este era substituto e continuador da obra de Alamiro
que, vitorioso, deixou esse mundo de misérias e desenganos. Jonjoca
teria sido libertado depois de tatuado com o Ímã da Vida, que seria
seu talismã de proteção.
Negou
veementemente a autoria do assassinato de Jonjoca.
13
de agosto de 1927
– o assassinato de Alamiro
Ao
caminhar pela estrada da Tijuca, Febronio encontra um homem chamado
João Marimba. Perguntou como fazia para chegar à ilha do Ribeiro e
João resolveu levá-lo até lá. Febronio disse que era chofer e que
estava pretendendo montar uma empresa de autoviação naquele local.
Como estava vestido com uniforme de motorista, João acreditou. Em
determinado ponto, João deixou Febronio que seguiu adiante
encontrando um menino de cerca de 10 anos parado na porta de uma
casa. O menino perguntou a Febronio se ele conhecia alguém que
estivesse oferecendo emprego, pois, seu tio, Alamiro José precisava
trabalhar.
Ainda
com o pretexto de “montar uma empresa”, Febronio se identificou
como motorista, que estabeleceria uma linha de ônibus do Leblon até
Porta d'Água, cruzando justamente aquele local.
O
menino conduziu Febronio até sua casa e apresentou este a seu pai,
Antonio José, dizendo que ali estava para oferecer emprego a
Alamiro. Antonio ficou preocupado, pois, Alamiro tinha umas feridas
nas pernas e não poderia começar de imediato, mas Febronio o
tranquilizou dizendo que o emprego era para tomar conta de um
depósito, que não haveria problema.
Após
o jantar, Febronio convenceu Alamiro a acompanhá-lo até a “empresa”
para assinar uns papéis pois a empresa ia começar a funcionar
naquele mesmo dia e que não tinham tempo a perder. Ao chegar à ilha
do Ribeiro, Febronio estendeu uma capa por cima das folhas
ressecadas, tirou a roupa e pediu que Alamiro fizesse o mesmo.
Hesitante, o rapaz tirou a calça e a cueca, mas percebeu a excitação
sexual de Febronio e recusou-se a deitar sobre a capa. Os dois
entraram em luta corporal e Febronio venceu ao conseguir estrangular
Alamiro, que desmaiou. Depois, asfixiou Alamiro com um cipó e, como
o corpo não serviria para mais nada, jogou as roupas de Alamiro
sobre seu corpo deixando de fora apenas braços e pés.
Dias
depois, preocupado com o sumiço de Alamiro, Antônio José foi até
a empresa de autoviação Lopes e lá foi informado de que não havia
nenhum funcionário com nome de Febronio e muito menos uma nova linha
de ônibus a ser inaugurada. Mais tarde, recebeu a notícia do
encontro de Alamiro, reconhecendo este com um cipó enrolado na
garganta.
29
de agosto de 1927
– assassinato de Jonjoca
Ao
vagar pela Ilha do Caju, avistou um menino de 10 anos de idade
chamado João Ferreira e ofereceu-lhe alguns doces que estavam em seu
bolso. Febronio ofereceu emprego ao menino como copeiro na casa de um
coronel do Exército, na avenida Pedro Ivo. Nesse momento, chega a
mãe do menino, dona Beatriz, que não concordou com a história pois
achava seu filho muito novo para trabalhar tão longe de casa. Com
sua lábia, Febronio argumentou bastante com a mãe do menino que,
indecisa, pediu que este fosse até a oficina onde trabalhava o pai
do menino e, qual fosse a decisão deste, ela acataria. Detalhe:
Febronio segui sozinho com o menino até a oficina do pai!
Convencendo o pai de João Ferreira, o Jonjoca, disse que a mãe já
tinha dado permissão para que o menino o acompanhasse, o que foi
descoberto pelo pai ao chegar em casa à noite como a primeira
mentira de Febronio. Neste momento, Beatriz e João foram à
delegacia e prestaram queixa. Ao ver fotos de Febronio, reconheceram
como sendo o homem que levou Jonjoca.
Enquanto
isso, Febronio levou o menino à Quinta da Boa Vista e depois se
embrenharam pelas matas do largo do França. Quando isolados,
prometeu a Jonjoca um terno, caso ele se deixasse tatuar no peito.
Sem alternativa e com medo do facão que o homem carregava na
cintura, o garoto permitiu que ele desenhasse várias letras em seu
peito com a ajuda de uma agulha, linha e tinta vermelha. Depois
tomaram um bonde e seguiram a pé para a ilha do Ribeiro, chegando lá
à noite. Febronio, então, o agarrou pelo pescoço, apertando-o até
matá-lo, depois, despiu o menino, recolheu sua roupa numa trouxa bem
apertada e jogou-a longe do corpo.
O
“DENTISTA”
Ao
ser interrogado por suas histórias como dentista, confessou que
havia se apoderado do diploma do doutor Bruno Ferreira Gabina, que o
havia contratado para serviços gerais, mas vivia embriagado em ão
conseguia atender seus pacientes. Certo dia, de posse do diploma de
Bruno, Febronio foi até o Departamento Nacional de Saúde Pública
e, passando-se pelo dentista, registrou-se. Dali em diante atendia em
consultório próprio, na rua Visconde de Rio Branco, tendo enganado
várias pessoas. Sentia prazer no sofrimento físico que infligia a
suas vítimas. Quando extraía dentes, eram vários de uma só vez.
Em
uma viagem ao Espírito Santo, transformou seu diploma de dentista em
“médico” e, novamente, registrou-se no Departamento de Saúde
Pública, dessa vez no novo Estado, onde fez vários partos e
cirurgias.
Dali
foi para Minas Gerais, onde continuou o ofício de médico sob a
identificação de Uzeda Filho, e causou a morte de uma mulher ao
atender uma emergência de parto.
O
dentista Bruno Gabina nunca foi encontrado, nem sua mãe sabia onde o
mesmo estava.
CRIMES
SEXUAIS
Quatro
meses antes dos assassinatos na ilha do Ribeiro, a polícia fora
informada do misterioso desparecimento dos menores Jacob Edelman e
Octávio de Bernardi.
Febroni
conheceu Jacob no Hospital Nacional de Alienados, onde ambos estavam
internados e, com promessa de emprego em seu consultório dentário,
em Mangaratiba, levou-o. Ao chegar no local, disse que o escritório
estava fechado e precisava buscar outro garoto, Octávio, antes de
pegar a chave.
Ofereceu
um emprego também à Octavio, só que no matadouro de Santa Cruz,
conseguindo assim permissão dos pais de Octávio. Juntos, foram os
três para a estação de Sampaio, onde pegaram um carro para Santa
Cruz e, de lá, seguiram para Mangaratiba.
Em
local deserto, ameaçou Jacob com um estilete e, mandando que este se
deitasse, tatuou as letras “D C V X V I” no peito do rapaz,
enquanto Octávio assistia a tudo aterrorizado.
Alguns
dias depois, Febronio levou Jacob para a praia das Flecheiras onde
abusou sexualmente dele, obrigando-o ainda a assistir todas as
torturas que fez com Octávio, desde tatuagens até sevícias.
Furtou
uma rede, fez um buraco no chão e colocou dentro 11 pedaços de
cana, 11 bananas e 11 pedaços da camisa da vítima, fechou o buraco
com terra e colocou uma pequena cruz de pau, dizendo que assim fazia
para que qualquer um que fosse persegui-lo, ao pisar ali, esquecesse
o que estava fazendo.
Em
depoimento, disse que escolheu Jacob porque este era alemão,
portanto, pertencia a raça superior.
Outra
vítima identificada foi o menor Eduardo Ferreira dos Santos. Foi
preso em flagrante com este, nas matas de Santa Teresa, ao tentar
forçar o rapaz a praticar o que chamavam de “atos imorais”. Não
conseguiu porque foi interrompido por um fiscal, João Cabral de
Brito, que chamou as autoridades.
Manoel
Alves, 18 anos, procurou a polícia pedindo uma guia para internar-se
no Hospital Pedro II, pois, ao ser enganado com uma promessa de
emprego, acompanhou um homem chamado Febronio que gravara em seu
peito as letras “D C V X V I” e muito o maltratara.
Em
15 de agosto de 1927, dona Maria e seu filho Benjamim, 14 anos,
sofreram o mesmo golpe: acompanharam Febronio, cruzando com o irmão
de Benjamim, Joaquim, de 16 anos, que trocou de lugar com o irmão
mais novo para o “emprego” oferecido por Febronio. Este tatuou
Joaquim, segurando-o pelo pescoço com a mão esquerda, que ainda o
ameaçou de furar seus olhos. No primeiro descuido, Joaquim fugiu.
Álvaro
Ferreira, 18 anos, morador do Arraial de Coroa Grande, contou que
conheceu Febronio no trem e este prometeu empregá-lo com a promessa
de pagamento de 150.000 réis, convencendo-o a acompanhá-lo.
Acompanhou-o, então, até a Tijuca, onde seguiram por mata adentro,
onde Febronio o convenceu a tatuar seu peito que, depois, quis
praticar atos libidinosos com Álvaro. Este ao recusar, provocou a
ira de Febronio, que puxou uma faca e o ameaçou de morte. Ferido e
apavorado, Álvaro consentiu.
Muitos
dos casos de garotos com os quais Febronio se relacionou e foram
relatados nos jornais não se transformaram em processos criminais.
ENCONTRO
DE JONJOCA
Em
7 de setembro de 1927 foram encontrados os restos mortais de João
Ferreira, o Jonjoca. Estava em adiantado estado de decomposição,
embaixo de uma moita de capim, de barriga para cima, o braço
esquerdo recolhido na altura da cabeça e a mão esquerda aberta
virada com a palma para cima. O braço direito estava estendido
perpendicularmente e a mão direito apoiada no chão. A perna direita
estava esticada e a perna esquerda recolhida com o pé encostado no
joelho direito. nenhum cabelo de João foi encontrado.
O
enterro do menino paralisou a cidade e foi notícia de jornal. Os
motoristas da cidade do RJ, em um ato de solidariedade e como um
pedido de desculpas pelo fato de o assassino ter se passado por um
deles, acompanharam o enterro em um enorme cortejo.
Em
14 de setembro, o pai de Jonjoca, inconformado, tentou atacar
Febronio com uma faca, mas foi impedido por policiais. Febronio só
veio confessar o crime em 8 de setembro de 1927, dizendo que
sacrificava vítimas em benefício do Deus Vivo, símbolo da religião
que criara.
Foi
denunciado pelo Ministério Público em 19 de setembro de 1927.
As
letras que Febronio tatuava – e também portava em seu peito - “D
C V X V I” significavam “Deus Caridade Virtude Santidade”. Ele
utilizou a letra X para Santidade, pois, segundo “A Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”, XO, XP, XPI, enfim,
referem-se a Cristo, então, ele combinou “X V I” como Santidade
(que é o Cristo) Vida e Ímã – seria Cristo Ímã da Vida!
Declarou
ainda que tinha mais uma tatuagem que não mostrava a ninguém porque
todo aquele que a visse “seria infeliz por toda a vida”!
JULGAMENTO
A
defesa de Febronio foi realizada pelo advogado maranhense Letácio
Jansen, com a tese defensiva da “inimputabilidade do réu”:
- Quer criminoso, que não criminoso, Febronio Índio do Brasil é, positivamente, um louco. Não pode ser pronunciado, ainda menos condenado. Se a sociedade julga-o perigoso, que se o interne num manicômio, numa penitenciária nunca. Justiça!
Febronio
foi avaliado pelo psiquiatra Heitor Carrilho, que concluiu pela
inimputabilidade e recomendou que ele ficasse internado pelo resto da
vida. Febronio foi absolvido, mas recolhido como “primeiro
habitante do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro”, criado este
em função de seu caso. Muitos interpretaram isso como “a vitória
da ciência sobre o Direito”.
Ingresso de Febrônio ao Manicômio |
Febronio
deu entrada no Manicômio Judiciário, procedente da Casa de
Detenção, no dia 6 de junho de 1929, onde ficou até sua morte, em
27 de agosto de 1984, por enfisema pulmonar.
Em
8 de fevereiro de 1935, Febronio fugiu do manicômio por uma corda
feita com várias tiras de lençol, presa a um gancho feito com alças
de balde e firmada no alto do muro de 4 metros da instituição. Os
jornais noticiavam: “Febronio FUGIU!”
Estava
escondido na casa de um senhor chamado Bernardino Barbosa, em Honório
Gurgel, que o acolhera a pedido de um amigo, Agenor, que o trouxe
dizendo que se tratava de um irmão que chegara de Pernambuco. Ao ver
a foto de Febronio nos jornais, ficou com medo e o denunciou à
polícia.
Ao
chegarem na casa de Bernardino, os policiais encontraram Febronio nu,
com uma figa amarrada na cintura e outra na perna. Na cintura também
levava uma bolsa contendo várias cartas e 195.000 réis em dinheiro.
Ele não reagiu, se ajoelhou e pediu que os policiais “não
fizessem mal a ele”.
Ao
retornar ao manicômio, teve um ataque de ira e ódio, e tentou
atacar o Dr. Carrilho.
Do
seu livro – Revelações do Príncipe de Fogo – só resta hoje
uma cópia na biblioteca particular de Mario de Andrade, no Instituto
de Estudos Brasileiros, na Universidade de São Paulo.
Febronio
morreu com 89 anos, “inaugurando” a primeira pena de prisão
perpétua legitimada pela ciência no Brasil. Foi inimigo público
número um de sua época, virou marchinha de carnaval e seu nome era
sinônimo de bicho-papão. Crianças desobedientes ouviam com
frequência de seus pais: “Cuidado que Febronio vem te pegar!”.
INFÂNCIA
Seu
pai chamava-se Theodoro Indio do Brasil, era açougueiro, e que a
família residia em São Miguel de Jequitinhonha, Minas Gerais. O
último contato de Febronio com ele tinha sido aos 12 anos.
Theodorão,
como era chamado, era alcoólatra, genioso e irascível. Tinha
temperamento violento, brigava frequentemente com a esposa e batia
nos filhos.
A
mãe de Febronio, segundo ele mesmo, se chamava Estrella do Oriente
Indio do Brasil. Na data do exame, Febronio já não tinha notícias
dela havia sete anos, mas sabia que estava viva. Segundo Febronio,
foi mãe de 25 filhos, e ele era o terceiro. O mais velho fugiu de
casa, o segundo morreu doente.
Algum
tempo depois, o interno Febronio recebeu a visita de um irmão –
Agenor Ferreira de Matos - de Jequié, Bahia, confirmando assim os
antecedentes de Febronio. Segundo ele, tinha 2 anos quando Febronio
saiu da cidade, seu pai se chamava Theodoro Simões de Oliveira e
faleceu de doença pulmonar. Era lavrador, mas por algum tempo foi
açougueiro. Realmente brigava com a esposa e já tinha tentado
matá-la. Sua mãe ainda era viva e se chamava Reginalda Ferreira de
Mattos, teve catorze filhos, mas apenas doze estavam vivos: seis
homens e seis mulheres. Febronio era o segundo filho e o primogênito,
João, era vivo, arreeiro (condutor de burros de carga) e residia em
Jequié.
O
terceiro filho, Deraldo, fora assassinado pouco tempo depois que as
notícias dos assassinatos cometidos por Febronio chegaram à Jequié,
então, acreditava-se que ele teria sido morto porque tinha um
comportamento estranho, e ficaram com medo que ele fosse igual ao
irmão.
O
quarto filho, Antonio, fugiu de casa rapazinho, o quinto filho,
Arthur, também era arreeiro e o sexto filho, Agenor, trabalhador
rural. As irmãs, algumas eram casadas e tinham filhos.
Febronio
fugira aos 12 anos com um caixeiro-viajante. Sua mãe disse que era
trabalhador e inteligente. Anos escreveu para a mãe dizendo que era
médico e doutor.
Fonte:
“Serial Killers, made in Brazil”, de Ilana Casoy.
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