sexta-feira, 18 de outubro de 2013

FEBRÔNIO ÍNDIO DO BRASIL, o "Filho da Luz"



No dia 17 de agosto de 1927, no jornal “Correio da Manhã”, foi noticiado o “hediondo crime da Ilha do Ribeiro”. Um dia antes, a polícia foi avisada sobre um cadáver encontrado naquele local, distante apenas 2 km do local onde tinha sido visto pela última vez Alamiro José Ribeiro.

O corpo estava no interior da mata, estendido sobre uma ramagem, de barriga para cima. Um policial aproximou-se e levantou o paletó que cobria a parte de cima do cadáver. Tratava-se de um rapaz de aproximadamente 20 anos. O policial também retirou de cima dele a calça e a ceroula que lhe cobriam o ventre e as pernas. Estava vestido apenas com a camisa e ainda calçava meias, presas por ligas, como era comum na época. Próximos ao corpo estavam os sapatos da vítima.

Logo chegou ao local Antonio José, que reconheceu na hora o corpo como sendo do cunhado Alamiro.

Em exame superficial, os peritos logo perceberam que o rapaz havia sido estrangulado com o cipó verde que ainda estava enrolado no pescoço. O corpo tinha marcas acentuadas de atos de crueldade, como contusões fortes nas nádegas e ferimento na cabeça. Aparentemente, não havia sinais de sevícias, mas isso só poderia ser confirmado na necropsia.

Perto do corpo, a polícia apreendeu uma bolsa de fumo e um boné. Um dos investigadores do caso logo se lembrou de um detento que saíra havia poucos dias da Casa de Detenção. Com pressa de resolver o caso, dirigiu-se para lá e não demorou para que o colega de cela do suspeito confirmasse que os objetos eram de Febronio Índio do Brasil. O homem ainda declarou que o boné era seu e que Febronio o havia furtado dele antes de ser solto. Dono de extensa ficha criminal, ele era muito conhecido pelos policiais do RJ.

Ao chamarem Antonio José de Moura, este reconheceu a fotografia do suspeito entre outras tantas providenciadas pelos policiais.

Febronio, vulgo Tenente, usava nomes diferentes: Teborde Simões de Mattos Indio do Brasil, Fabiano Indio do Brasil, Pedro de Souza, Pedro João de Souza, José de Mattos, Febronio Simões de Mattos e Bruno Ferreira Gabina.

O "Filho da Luz"

Seus registros criminais incluíam 37 (trinta e sete) prisões pela polícia, 8 (oito) entradas na Casa de Detenção e 3 (três) condenações. Havia sido preso por vadiagem, furto, roubo, chantagem e fraude. No dia 8 de agosto daquele mesmo ano, tinha sido libertado da Casa de Detenção, depois de responder a um processo por crime de homicídio. Tinha espancado até a morte, com socos e pontapés, Djalma Rosa, um menos da mesma cela que não aceitara suas propostas indecorosas. Foi absolvido em 18 de julho de 1927, mas levado novamente para averiguações à Casa de Detenção. Quando colocado em liberdade, vestia farda azul-marinho e boné escuro.

Todos os agentes da 4ª DP foram destacados para seguir Febronio, que foi procurado em São Cristóvão, São João de Meriti e Petrópolis, sem sucesso. Febronio foi preso na estação Barão de Mauá, ao tentar entrar no trem da Leopoldina. Portava niqueis, papeis sem importância, uma cautela, uma chave costurada no cós da ceroula e um vidro com tinta de tatuagem. Não reagiu à prisão, mas negou os crimes.

Na delegacia, Febronio declarou nada saber sobre o assassinato de Alamiro e o sumiço de Jonjoca. Disse que quando saiu da cadeia, dirigiu-se a Petrópolis, onde exercia a função de cirurgião-dentista, tendo sido preso e encarcerado por vários dias. Quando liberto, foi ao RJ localizar seu diploma de dentista, em data após o desaparecimento das duas vítimas.

Interrogado, Febronio alegou que, àquela hora da noite sua memória não era tão fresca quanto de dia, por causa de uma enfermidade que o levou ao hospício anos atrás. Confirmou apenas que induzira o menino Jonjoca a acompanhá-lo mas não lembrava onde o tinha deixado.

Jornal da época

Pela manhã, em novo interrogatório, Febronio confessou o assassinato de Alamiro. Disse que da Tijuca tomaram um bonde para Cascadura, compraram bebida à base de cachaça e estiveram no cinema Ideal. Seguiram, então, para o Alto da Boa Vista, beberam tudo e foram para a ilha do Ribeiro onde, após uma discussão, enrolou um cipó no pescoço de Alamiro e só parou de apertar quando o rapaz dormiu. Ao acordar, assustado ao perceber que Alamiro estava morto, partiu para Ipanema onde furtou o paletó e o colete que usava quando foi preso, não sabendo dizer o que havia feito com a roupa que usava no dia do crime, nem a localização da casa em que praticou o furto.

Febronio, em clara demostração de confusão mental – que, para todos ali, não passava de dissimulação – alternava entre assuntos estranhos e raciocínio lógico. Comentou sobre a religião que criou quando estava na Colônia Correcional, e que havia sacrificado Alamiro em benefício da humanidade, que está corrompida. Disse que não matou Jonjoca, pois, este era substituto e continuador da obra de Alamiro que, vitorioso, deixou esse mundo de misérias e desenganos. Jonjoca teria sido libertado depois de tatuado com o Ímã da Vida, que seria seu talismã de proteção.

Negou veementemente a autoria do assassinato de Jonjoca.

13 de agosto de 1927 – o assassinato de Alamiro

Ao caminhar pela estrada da Tijuca, Febronio encontra um homem chamado João Marimba. Perguntou como fazia para chegar à ilha do Ribeiro e João resolveu levá-lo até lá. Febronio disse que era chofer e que estava pretendendo montar uma empresa de autoviação naquele local. Como estava vestido com uniforme de motorista, João acreditou. Em determinado ponto, João deixou Febronio que seguiu adiante encontrando um menino de cerca de 10 anos parado na porta de uma casa. O menino perguntou a Febronio se ele conhecia alguém que estivesse oferecendo emprego, pois, seu tio, Alamiro José precisava trabalhar.

Ainda com o pretexto de “montar uma empresa”, Febronio se identificou como motorista, que estabeleceria uma linha de ônibus do Leblon até Porta d'Água, cruzando justamente aquele local.

O menino conduziu Febronio até sua casa e apresentou este a seu pai, Antonio José, dizendo que ali estava para oferecer emprego a Alamiro. Antonio ficou preocupado, pois, Alamiro tinha umas feridas nas pernas e não poderia começar de imediato, mas Febronio o tranquilizou dizendo que o emprego era para tomar conta de um depósito, que não haveria problema.

Após o jantar, Febronio convenceu Alamiro a acompanhá-lo até a “empresa” para assinar uns papéis pois a empresa ia começar a funcionar naquele mesmo dia e que não tinham tempo a perder. Ao chegar à ilha do Ribeiro, Febronio estendeu uma capa por cima das folhas ressecadas, tirou a roupa e pediu que Alamiro fizesse o mesmo. Hesitante, o rapaz tirou a calça e a cueca, mas percebeu a excitação sexual de Febronio e recusou-se a deitar sobre a capa. Os dois entraram em luta corporal e Febronio venceu ao conseguir estrangular Alamiro, que desmaiou. Depois, asfixiou Alamiro com um cipó e, como o corpo não serviria para mais nada, jogou as roupas de Alamiro sobre seu corpo deixando de fora apenas braços e pés.

Dias depois, preocupado com o sumiço de Alamiro, Antônio José foi até a empresa de autoviação Lopes e lá foi informado de que não havia nenhum funcionário com nome de Febronio e muito menos uma nova linha de ônibus a ser inaugurada. Mais tarde, recebeu a notícia do encontro de Alamiro, reconhecendo este com um cipó enrolado na garganta.



29 de agosto de 1927 – assassinato de Jonjoca

Ao vagar pela Ilha do Caju, avistou um menino de 10 anos de idade chamado João Ferreira e ofereceu-lhe alguns doces que estavam em seu bolso. Febronio ofereceu emprego ao menino como copeiro na casa de um coronel do Exército, na avenida Pedro Ivo. Nesse momento, chega a mãe do menino, dona Beatriz, que não concordou com a história pois achava seu filho muito novo para trabalhar tão longe de casa. Com sua lábia, Febronio argumentou bastante com a mãe do menino que, indecisa, pediu que este fosse até a oficina onde trabalhava o pai do menino e, qual fosse a decisão deste, ela acataria. Detalhe: Febronio segui sozinho com o menino até a oficina do pai! Convencendo o pai de João Ferreira, o Jonjoca, disse que a mãe já tinha dado permissão para que o menino o acompanhasse, o que foi descoberto pelo pai ao chegar em casa à noite como a primeira mentira de Febronio. Neste momento, Beatriz e João foram à delegacia e prestaram queixa. Ao ver fotos de Febronio, reconheceram como sendo o homem que levou Jonjoca.

Enquanto isso, Febronio levou o menino à Quinta da Boa Vista e depois se embrenharam pelas matas do largo do França. Quando isolados, prometeu a Jonjoca um terno, caso ele se deixasse tatuar no peito. Sem alternativa e com medo do facão que o homem carregava na cintura, o garoto permitiu que ele desenhasse várias letras em seu peito com a ajuda de uma agulha, linha e tinta vermelha. Depois tomaram um bonde e seguiram a pé para a ilha do Ribeiro, chegando lá à noite. Febronio, então, o agarrou pelo pescoço, apertando-o até matá-lo, depois, despiu o menino, recolheu sua roupa numa trouxa bem apertada e jogou-a longe do corpo.


O “DENTISTA”

Ao ser interrogado por suas histórias como dentista, confessou que havia se apoderado do diploma do doutor Bruno Ferreira Gabina, que o havia contratado para serviços gerais, mas vivia embriagado em ão conseguia atender seus pacientes. Certo dia, de posse do diploma de Bruno, Febronio foi até o Departamento Nacional de Saúde Pública e, passando-se pelo dentista, registrou-se. Dali em diante atendia em consultório próprio, na rua Visconde de Rio Branco, tendo enganado várias pessoas. Sentia prazer no sofrimento físico que infligia a suas vítimas. Quando extraía dentes, eram vários de uma só vez.

Em uma viagem ao Espírito Santo, transformou seu diploma de dentista em “médico” e, novamente, registrou-se no Departamento de Saúde Pública, dessa vez no novo Estado, onde fez vários partos e cirurgias.

Dali foi para Minas Gerais, onde continuou o ofício de médico sob a identificação de Uzeda Filho, e causou a morte de uma mulher ao atender uma emergência de parto.

O dentista Bruno Gabina nunca foi encontrado, nem sua mãe sabia onde o mesmo estava.


CRIMES SEXUAIS

Quatro meses antes dos assassinatos na ilha do Ribeiro, a polícia fora informada do misterioso desparecimento dos menores Jacob Edelman e Octávio de Bernardi.

Febroni conheceu Jacob no Hospital Nacional de Alienados, onde ambos estavam internados e, com promessa de emprego em seu consultório dentário, em Mangaratiba, levou-o. Ao chegar no local, disse que o escritório estava fechado e precisava buscar outro garoto, Octávio, antes de pegar a chave.

Ofereceu um emprego também à Octavio, só que no matadouro de Santa Cruz, conseguindo assim permissão dos pais de Octávio. Juntos, foram os três para a estação de Sampaio, onde pegaram um carro para Santa Cruz e, de lá, seguiram para Mangaratiba.

Em local deserto, ameaçou Jacob com um estilete e, mandando que este se deitasse, tatuou as letras “D C V X V I” no peito do rapaz, enquanto Octávio assistia a tudo aterrorizado.

Alguns dias depois, Febronio levou Jacob para a praia das Flecheiras onde abusou sexualmente dele, obrigando-o ainda a assistir todas as torturas que fez com Octávio, desde tatuagens até sevícias.

Furtou uma rede, fez um buraco no chão e colocou dentro 11 pedaços de cana, 11 bananas e 11 pedaços da camisa da vítima, fechou o buraco com terra e colocou uma pequena cruz de pau, dizendo que assim fazia para que qualquer um que fosse persegui-lo, ao pisar ali, esquecesse o que estava fazendo.

Em depoimento, disse que escolheu Jacob porque este era alemão, portanto, pertencia a raça superior.

Outra vítima identificada foi o menor Eduardo Ferreira dos Santos. Foi preso em flagrante com este, nas matas de Santa Teresa, ao tentar forçar o rapaz a praticar o que chamavam de “atos imorais”. Não conseguiu porque foi interrompido por um fiscal, João Cabral de Brito, que chamou as autoridades.

Manoel Alves, 18 anos, procurou a polícia pedindo uma guia para internar-se no Hospital Pedro II, pois, ao ser enganado com uma promessa de emprego, acompanhou um homem chamado Febronio que gravara em seu peito as letras “D C V X V I” e muito o maltratara.

Em 15 de agosto de 1927, dona Maria e seu filho Benjamim, 14 anos, sofreram o mesmo golpe: acompanharam Febronio, cruzando com o irmão de Benjamim, Joaquim, de 16 anos, que trocou de lugar com o irmão mais novo para o “emprego” oferecido por Febronio. Este tatuou Joaquim, segurando-o pelo pescoço com a mão esquerda, que ainda o ameaçou de furar seus olhos. No primeiro descuido, Joaquim fugiu.

Álvaro Ferreira, 18 anos, morador do Arraial de Coroa Grande, contou que conheceu Febronio no trem e este prometeu empregá-lo com a promessa de pagamento de 150.000 réis, convencendo-o a acompanhá-lo. Acompanhou-o, então, até a Tijuca, onde seguiram por mata adentro, onde Febronio o convenceu a tatuar seu peito que, depois, quis praticar atos libidinosos com Álvaro. Este ao recusar, provocou a ira de Febronio, que puxou uma faca e o ameaçou de morte. Ferido e apavorado, Álvaro consentiu.

Muitos dos casos de garotos com os quais Febronio se relacionou e foram relatados nos jornais não se transformaram em processos criminais.


ENCONTRO DE JONJOCA

Em 7 de setembro de 1927 foram encontrados os restos mortais de João Ferreira, o Jonjoca. Estava em adiantado estado de decomposição, embaixo de uma moita de capim, de barriga para cima, o braço esquerdo recolhido na altura da cabeça e a mão esquerda aberta virada com a palma para cima. O braço direito estava estendido perpendicularmente e a mão direito apoiada no chão. A perna direita estava esticada e a perna esquerda recolhida com o pé encostado no joelho direito. nenhum cabelo de João foi encontrado.

O enterro do menino paralisou a cidade e foi notícia de jornal. Os motoristas da cidade do RJ, em um ato de solidariedade e como um pedido de desculpas pelo fato de o assassino ter se passado por um deles, acompanharam o enterro em um enorme cortejo.

Em 14 de setembro, o pai de Jonjoca, inconformado, tentou atacar Febronio com uma faca, mas foi impedido por policiais. Febronio só veio confessar o crime em 8 de setembro de 1927, dizendo que sacrificava vítimas em benefício do Deus Vivo, símbolo da religião que criara.

Foi denunciado pelo Ministério Público em 19 de setembro de 1927.

As letras que Febronio tatuava – e também portava em seu peito - “D C V X V I” significavam “Deus Caridade Virtude Santidade”. Ele utilizou a letra X para Santidade, pois, segundo “A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”, XO, XP, XPI, enfim, referem-se a Cristo, então, ele combinou “X V I” como Santidade (que é o Cristo) Vida e Ímã – seria Cristo Ímã da Vida!

Declarou ainda que tinha mais uma tatuagem que não mostrava a ninguém porque todo aquele que a visse “seria infeliz por toda a vida”!


JULGAMENTO

A defesa de Febronio foi realizada pelo advogado maranhense Letácio Jansen, com a tese defensiva da “inimputabilidade do réu”:
  • Quer criminoso, que não criminoso, Febronio Índio do Brasil é, positivamente, um louco. Não pode ser pronunciado, ainda menos condenado. Se a sociedade julga-o perigoso, que se o interne num manicômio, numa penitenciária nunca. Justiça!

Febronio foi avaliado pelo psiquiatra Heitor Carrilho, que concluiu pela inimputabilidade e recomendou que ele ficasse internado pelo resto da vida. Febronio foi absolvido, mas recolhido como “primeiro habitante do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro”, criado este em função de seu caso. Muitos interpretaram isso como “a vitória da ciência sobre o Direito”.

Ingresso de Febrônio ao Manicômio

Febronio deu entrada no Manicômio Judiciário, procedente da Casa de Detenção, no dia 6 de junho de 1929, onde ficou até sua morte, em 27 de agosto de 1984, por enfisema pulmonar.

Em 8 de fevereiro de 1935, Febronio fugiu do manicômio por uma corda feita com várias tiras de lençol, presa a um gancho feito com alças de balde e firmada no alto do muro de 4 metros da instituição. Os jornais noticiavam: “Febronio FUGIU!”

Estava escondido na casa de um senhor chamado Bernardino Barbosa, em Honório Gurgel, que o acolhera a pedido de um amigo, Agenor, que o trouxe dizendo que se tratava de um irmão que chegara de Pernambuco. Ao ver a foto de Febronio nos jornais, ficou com medo e o denunciou à polícia.

Ao chegarem na casa de Bernardino, os policiais encontraram Febronio nu, com uma figa amarrada na cintura e outra na perna. Na cintura também levava uma bolsa contendo várias cartas e 195.000 réis em dinheiro. Ele não reagiu, se ajoelhou e pediu que os policiais “não fizessem mal a ele”.

Ao retornar ao manicômio, teve um ataque de ira e ódio, e tentou atacar o Dr. Carrilho.

Do seu livro – Revelações do Príncipe de Fogo – só resta hoje uma cópia na biblioteca particular de Mario de Andrade, no Instituto de Estudos Brasileiros, na Universidade de São Paulo.

Febronio morreu com 89 anos, “inaugurando” a primeira pena de prisão perpétua legitimada pela ciência no Brasil. Foi inimigo público número um de sua época, virou marchinha de carnaval e seu nome era sinônimo de bicho-papão. Crianças desobedientes ouviam com frequência de seus pais: “Cuidado que Febronio vem te pegar!”.


INFÂNCIA

Seu pai chamava-se Theodoro Indio do Brasil, era açougueiro, e que a família residia em São Miguel de Jequitinhonha, Minas Gerais. O último contato de Febronio com ele tinha sido aos 12 anos.

Theodorão, como era chamado, era alcoólatra, genioso e irascível. Tinha temperamento violento, brigava frequentemente com a esposa e batia nos filhos.

A mãe de Febronio, segundo ele mesmo, se chamava Estrella do Oriente Indio do Brasil. Na data do exame, Febronio já não tinha notícias dela havia sete anos, mas sabia que estava viva. Segundo Febronio, foi mãe de 25 filhos, e ele era o terceiro. O mais velho fugiu de casa, o segundo morreu doente.

Algum tempo depois, o interno Febronio recebeu a visita de um irmão – Agenor Ferreira de Matos - de Jequié, Bahia, confirmando assim os antecedentes de Febronio. Segundo ele, tinha 2 anos quando Febronio saiu da cidade, seu pai se chamava Theodoro Simões de Oliveira e faleceu de doença pulmonar. Era lavrador, mas por algum tempo foi açougueiro. Realmente brigava com a esposa e já tinha tentado matá-la. Sua mãe ainda era viva e se chamava Reginalda Ferreira de Mattos, teve catorze filhos, mas apenas doze estavam vivos: seis homens e seis mulheres. Febronio era o segundo filho e o primogênito, João, era vivo, arreeiro (condutor de burros de carga) e residia em Jequié.

O terceiro filho, Deraldo, fora assassinado pouco tempo depois que as notícias dos assassinatos cometidos por Febronio chegaram à Jequié, então, acreditava-se que ele teria sido morto porque tinha um comportamento estranho, e ficaram com medo que ele fosse igual ao irmão.

O quarto filho, Antonio, fugiu de casa rapazinho, o quinto filho, Arthur, também era arreeiro e o sexto filho, Agenor, trabalhador rural. As irmãs, algumas eram casadas e tinham filhos.

Febronio fugira aos 12 anos com um caixeiro-viajante. Sua mãe disse que era trabalhador e inteligente. Anos escreveu para a mãe dizendo que era médico e doutor.


Fonte: “Serial Killers, made in Brazil”, de Ilana Casoy.


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