Nascido
em Fraserburgh, Escócia, em 23 de novembro de 1945, filho do meio de
um casamento que durou 7 anos, provavelmente em decorrência do
alcoolismo do pai, Olav.
A
mãe, Betty, uma irmã, um irmão e Dennis sempre moraram com os avós
maternos. Dennis tinha uma relação especial com seu avô, mas este
faleceu quando o menino tinha 6 anos. Aqui está a explicação de
Nilsen para seu trauma: a mãe, sem contar a ele o que tinha
acontecido, o levou para ver o corpo do avô morto, o que significou
um choque terrível e uma perda insubstituível. Em depoimentos
posteriores, Dennis diria que a morte do avô fora uma espécie de
“morte emocional” dentro dele.
Casa onde cresceu com avós, pais e irmãos |
Aos
8 anos, quase morreu afogado no mar. Foi resgatado por um garoto mais
velho que brincava na praia e, enquanto estava desacordado na areia,
o garoto tirou suas roupas e se masturbou sobre ele. Nilsen só soube
o que houve quando acordou e viu o esperma do rapaz sobre sua
barriga.
Dois
anos depois, sua mãe casou-se outra vez e teve mais quatro filhos,
negligenciando Dennis, agora uma criança solitária. Na infância
dele não encontramos histórico de crueldade com animais ou outras
crianças. Des não era do tipo agressivo, que seria mais condizente
com o futuro assassino em que se transformara.
Pais de Dennis |
Nilsen
não teve vida sexual na adolescência, mas experimentou atração
por outros meninos. Em 1961, aos 16 anos, alistou-se no exército e
tornou-se cozinheiro. Foi nessa função que aprendeu o ofício de
açougueiro.
Consumia
bastante álcool e mantinha-se afastado dos outros foi nessa época,
quando passou a dormir em um quarto privativo, que Nilsen descobriu
seu corpo, mas o dissociava de si mesmo. Olhava no espelho de forma
que não visse seu rosto, admirava o corpo do rapaz do “outro lado”
e masturbava-se. A fantasia foi tomando proporções maiores e, algum
tempo depois, ele passou a imaginar que “o outro” estava morto,
estado em que Nilsen considerava possível alcançar a perfeição
física e emocional. Chegava a usar maquiagem para melhorar os
efeitos especiais, incluindo neles sangue falso para fazer parecer
que o corpo tinha sido assassinado. Imaginava alguém levando-o e
enterrando-o.
Dennis jovem |
Em
1972, iniciou um treinamento para se tornar policial. Uma das
experiências mais marcantes do curso foi assistir a necropsias no
necrotério. Ficou fascinado. Depois de um ano, desistiu da carreira.
Empregou-se como entrevistador em uma agência de empregos, carreira
que seguiu até ser preso.
Em
1975 mudou-se para Avenida Melrose Place, 195, ao norte de Londres,
um apartamento térreo com jardim. Morava com ele David Gallichan,
que negava que sua amizade fosse homossexual. Compraram uma
cachorrinha, a quem chamaram Bleep, e também um gato. Dois anos
depois, separaram-se, e Nilsen aumentou bastante seu consumo de
álcool e as horas que passava vendo televisão. Um ano e meio depois
começou a matar.
David Gallichan |
Bleep |
Dezesseis
meses após a prisão de Nilsen, a polícia encontrou mais de mil
fragmentos de osso no jardim que lhe pertenceu.
INÍCIO
DA “CARREIRA”
Dennis
cmeçou a matar aos 33 anos, ainda morando em Melrose. Encontrava
jovens em pubs, levava-os para casa, bebiam juntos, iam para a cama
e, ao acordar,ele se dava conta de que o novo amigo iria embora,
deixando-o sozinho mais uma vez. Incapaz de suportar a separação,
estrangulava o parceiro com uma gravata e mantinha o cadáver em sua
casa enquanto era possível, acariciando o corpo sem ida, banhando-o,
vendo televisão com ele ou se masturbando em sua companhia. Quando
cansava, escondia o corpo embaixo das tábuas da sala. Quando
sentia-se só outra vez, retirava o corpo do esconderijo e brincava
com ele como se fosse um boneco.
Escavações na Av. Melrose Place, 195 |
No
começo, Nilsen “brincava” de cativeiro com os parceiros, mas
deixava-os ir. Embora ainda vivos, saíam de sua casa muito
assustados com momentos sem ar que haviam enfrentado enrolados na
própria gravata. Depois, Des passou a não deixá-los partir.
Ele
usava inseticida em seu apartamento duas vezes por dia, para
livrar-se das moscas. Um vizinho mencionou o cheiro horrível e
permanente, mas Nilsen assegurou que era da construção decadente.
Para
livrar-se dos corpos, prendia seu cachorro e seu gato no jardim,
tirava a roupa de baixo com a qual vestia os cadáveres e os cortava
em pedaços no chão da cozinha, utilizando uma faca. Algumas vezes,
fervia a cabeça de suas vítimas para retirar a carne, na panela que
havia comprado na época do primeiro assassinato. Também guardava
pedaços de corpos no galpão do jardim, ou em um buraco perto de um
arbusto, do lado de fora da casa. Os órgãos internos de suas
vítimas eram colocados dentro de uma brecha entre cercas duplas de
seu terreno. Alguns torsos foram guardados dentro de malas e sacolas,
que levava para o quintal quando tinha tempo e os queimava. Sempre o
intrigou o fato de ninguém questioná-lo sobre suas atividades
nessas ocasiões. Crianças da vizinhança se aproximavam para ver o
“churrasco”, que durava o dia inteiro. Nilsen as avisava para
ficar distantes. Quando o fogo apagava, esmagava os crânios entre as
cinzas da fogueira e espalhava os restos sobre a terra. Cada fogueira
queimava até seis corpos. Doze cadáveres foram incinerados.
Quando
fora residir no número 23 da rua Cranley Gardens, subúrbio de
classe média de Londres, sumir com os corpos se tornou tarefa
difícil pela ausência de um jardim.
VÍTIMAS
Dezembro
de 1978 – um jovem irlandês anônimo, que Des trouxe para casa foi
estrangulado com uma gravata. Dennis depois masturbou-se sobre o
corpo, guardando-o sob piso de tábuas até agosto de 1979, quando
foi cremado em uma fogueira do lado de fora.
Novembro
de 1979 – Dennis tentou estrangular Andrew Ho, um jovem chinês que
conseguiu escapar e chamou a polícia. Nilsen disse aos policiais que
o jovem tentou roubá-lo, então, deixaram pra lá.
Dezembro
de 1979 – Nilsen estrangulou o canadense Kenneth Ockendon com um
fio elétrico e dissecou o corpo, jogando partes no vaso sanitário,
enquanto muito dos restos cortados permaneceram comprimidos sob o
piso.
Maio
de 1980 – Nilsen assassinou Martyn Duffey, de 19 anos, escondendo
seu corpo junto aos restos fragmentados de Ockendon.
Neste
mesmo verão, Billy Sutherland, 26 anos, juntou-se ao grupo
crescente, seguido em breve por uma vítima que era mexicana ou
filipina. “Não posso lembrar-me dos detalhes”, depois disse: “é
acadêmico; coloquei-o sob as tábuas do piso”.
Instrumentos usados nos crimes |
Das
cinco vítimas seguintes não se recordava o nome, identificando-os
apenas pelos traços físicos ou peculiaridade de comportamento:
→
um
jovem irlandês e um viajante malnutrido foram levados para sua casa
em rápida sucessão, e ambos foram estrangulados até a morte no
apartamento de Nilsen;
→
o
oitavo foi cortado em 3 pedaços, seus restos escondidos sob o piso
por dois dias antes de serem queimados em outra fogueira no jardim;
→
a
nona vítima foi Scot, e seu sucessor um rebelde do estilo de Billy
Sutherland;
→
o
número 11 era um skinhead de conversa agradável, notável pela
tatuagem de uma linha pontilhada ao redor do pescoço, com as
instruções “corte aqui”. Nilsen o fez e o jovem foi incinerado
em uma fogueira em maio de 1981.
→
em
setembro de 1981, Nilsen encontrou um epiléptico, Malcolm Barlow,
caído contra a parede de seu jardim e telefonou para a ambulância;
no dia seguinte, Barlow foi visitar Nilsen – erro fatal.
Em
outubro de 1981, Nilsen estava em sua nova residência – a Cranley
Gardens, 23 – limpou a casa anterior com uma fogueira que não
deixou nenhuma evidência dos 12 homicídios por quase 3 anos.
Novembro
de 1981 – Nilsen tentou estrangular Paul Nobbs com uma gravata, mas
este sobreviveu e não reportou a notícia à polícia.
Carl Stotter, Douglas Stewart e Paul Nobbs vítimas sobreviventes |
Em
seguida, John Howlett foi afogado na banheira, pois, Nilsen não
conseguiu estrangulá-lo. Os restos de Howlett foram cortados na
banheira, cozidos em um caldeirão e jogados no esgoto.
Maio
de 1982 – Nilsen tenta afogar Carl Stottor em uma banheira, não
consegue e diz que isto era uma tentativa de “ressuscitá-lo”,
pois, Carl quase se sufocou com o saco de dormir. No dia seguinte,
enquanto caminhavam na floresta, mais uma vez Nilsen tenta matar
Stottor que sobrevive mas não reporta à polícia o acontecido.
A
vítima número 14, Graham Allen, foi assassinado e dissecado no
apartamento de Nilsen. Partes de seu corpo foram colocadas em sacolas
e armazenadas no armário, enquanto outras foram cozidas e jogadas no
vaso sanitário.
A
última vítima foi um punk, Stephen Sinclair, assassinado em 1º de
fevereiro de 1983; partes do seu corpo foram jogadas no vaso
sanitário uma semana depois.
Billy Sutherland, Stephen Holmes, Kenneth Ockendon e Malcolm Barlow Vítimas |
A
DESCOBERTA
Com
problemas de entupimento de alguns vasos sanitários no edifício,
chamam um encanador para tentar resolver o problema.
Sem
entender por que não conseguia desentupir os vasos após verificar a
caixa de inspeção, o encanador Mike Welch aconselhou os moradores a
chamar uma empresa com mais equipamentos modernos e específicos, uma
espécie de roto-rooter local, a Dyno-rod.
Em
8 de fevereiro de 1983, Michael Caltran, encanador da Dyno-rod,
desceu na caixa de inspeção do esgoto com uma lanterna e achou o
que não estava enxergando direito ao deparar com mais de trinta
pedaços de carne impedindo o fluxo no encanamento. O cheiro era de
carniça, então, ligou para seu supervisor e relatou o achado.
Perguntou ao morador do sótão – Denis Nilsen – se ele costumava
jogar na privada os restos de carne com que alimentava seu cachorro,
mas recebeu uma negativa dele. Michael resolvera retornar no outro
dia com seu supervisor – nunca tinha visto um entupimento como
aquele.
Michael Caltran |
Nesta
noite, Nilsen ainda cogitou se suicidar, mas teria que matar Bleep,
sua cachorrinha, primeiro. Descartou a ideia, pois, jamais teria
coragem de matar Bleep. De madrugada, Dennis desceu à caixa de
esgoto, recolheu os pedaços de carne dentro de um saco de lixo e
espalhou-os no jardim do fundo do edifício. Na volta, encontrou dois
vizinhos e, sem graça, disse-lhes que tinha ido ao banheiro.
No
dia seguinte, ao retornar com seu supervisor, o encanador não
encontrou mais nenhum vestígio das carnes, o que causou estranheza
na vizinha, que resolveu chamar a polícia.
Atendendo
ao chamado, o detetive Peter Jay recolheu alguns poucos pedaços de
ossos e carne que ainda se encontravam no local, encaminhou à
universidade de Londres que identificou o tecido como humano, bem
como os ossos da mão de uma pessoa.
Ao
chegar em casa, Dennis encontrou 3 detetives em sua porta, que lhe
disseram que a carne encontrada no encanamento era humana e
perguntaram diretamente onde estava o resto do corpo. Nilsen
respondeu:
- Em sacos plásticos, no armário perto da porta. Eu mostro a vocês.
Atônitos,
sem esperar por resposta tão direta, o detetive Jay indagou se havia
algo mais, mas Nilsen disse que falaria tudo na delegacia. Jay,
então, arriscou:
- Estamos falando de um corpo ou dois?
Nilsen,
sorrindo meio sem jeito, respondeu:
- Quinze ou dezesseis, desde 1978...
JULGAMENTO
Nilsen
aguardou julgamento na prisão de Brixton. Declarou que deixou sete
de suas vítimas irem embora com vida, mas só lembrava do nome de 4
dessas.
Três
testemunharam contra ele: Carl Stotter, Douglas Stewart e Paul Nobbs.
Nilsen,
ao olhar as fotografias das vítimas duvidou que os familiares algum
dia o perdoassem. Escreveu mais de 50 cadernos sobre suas memórias
para ajudar no processo, além de esquetes mostrando seu modus
operandi.
Em
24 de outubro de 1983 foi acusado por 6 homicídios e 2 tentativas de
homicídio. Alegou inocência para cada uma delas.
No
dia 4 de novembro de 1983 saiu seu veredicto: Dennis foi considerado
culpado de todas as acusações e sentenciado à prisão perpétua e
não elegível para condicional por 25 anos. Nilsen estava com 38
anos de idade.
Nilsen
inspirou vários escritores, porém, sua biografia mais completa foi
feita por Brian Masters, no livro “Killing for company: the story
of a man addicted to murder”.
A
descrição mais fiel aos acontecimentos está no livro de Brite,
“Exquisite Corpse”, em que um dos personagens é baseado em
Nilsen e o outro em Jeffrey Dahmer. Nilsen foi impedido de publicar
sua própria biografia.
Em
2006 ele confessou em detalhes seu primeiro assassinato para a
polícia, do menino Stephen Dean Holmes (14), que ele diz ser a
primeira das 14 vítimas. A polícia acredita que ele matou pelo
menos 15 pessoas, apesar de sete não terem sido identificadas.
Holmes faz parte desse grupo, e a justiça inglesa ainda não decidiu
se indiciará ou não Nilsen por esse homicídio, uma vez que ele já
cumpre prisão perpétua na Prisão de Segurança Máxima de Full
Sutton, perto da cidade de Pocklington, Inglaterra.
Dennis e seu companheiro de cela, Neilson |
FRASES
DE DENNIS
“Eu
somente estava me suicidando, mas sempre quem morria era o
espectador”
“Eu
causei sonhos que levaram à morte. Este é o meu crime”
“Eu
dei início ao caminho da morte, e a depressão de um novo tipo de
convívio”
“E
aí eu xinguei, xinguei e xinguei. Como, em nome do céu, eu pude ter
feito qualquer destas coisas?”
“Eu fiz
tudo isso por mim. Puramente egoísta. Adorei a arte e o ato da morte
repetidamente. Simples assim. Depois foi tudo confusão sexual,
simbolismo, exaltação ao “caído”. Eu estava exaltando a mim
mesmo. Odiei a decadência e a dissecação. Não houve prazer sádico
em matar. Eu os assassinei como eu mesmo gostaria de ser morto,
aproveitando a extremidade do próprio ato da morte. Se eu fizesse
isso comigo, experimentaria apenas uma vez. Se eu fizesse isso com
outros, provaria do ato da morte várias vezes”.
Série de reportagens sobre Dennis:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Fonte:
“Serial Killer: louco ou cruel?”, de Ilana Casoy
“A
enciclopédia de serial killers”, de Michael Newton.
Real Crazy Woman - canal do You Tube
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