sábado, 19 de outubro de 2013

DENNIS ANDREW NILSEN, o "Serial Killer Carente"



Nascido em Fraserburgh, Escócia, em 23 de novembro de 1945, filho do meio de um casamento que durou 7 anos, provavelmente em decorrência do alcoolismo do pai, Olav.

A mãe, Betty, uma irmã, um irmão e Dennis sempre moraram com os avós maternos. Dennis tinha uma relação especial com seu avô, mas este faleceu quando o menino tinha 6 anos. Aqui está a explicação de Nilsen para seu trauma: a mãe, sem contar a ele o que tinha acontecido, o levou para ver o corpo do avô morto, o que significou um choque terrível e uma perda insubstituível. Em depoimentos posteriores, Dennis diria que a morte do avô fora uma espécie de “morte emocional” dentro dele.

Casa onde cresceu com avós, pais e irmãos

Aos 8 anos, quase morreu afogado no mar. Foi resgatado por um garoto mais velho que brincava na praia e, enquanto estava desacordado na areia, o garoto tirou suas roupas e se masturbou sobre ele. Nilsen só soube o que houve quando acordou e viu o esperma do rapaz sobre sua barriga.

Dois anos depois, sua mãe casou-se outra vez e teve mais quatro filhos, negligenciando Dennis, agora uma criança solitária. Na infância dele não encontramos histórico de crueldade com animais ou outras crianças. Des não era do tipo agressivo, que seria mais condizente com o futuro assassino em que se transformara.

Pais de Dennis
Nilsen não teve vida sexual na adolescência, mas experimentou atração por outros meninos. Em 1961, aos 16 anos, alistou-se no exército e tornou-se cozinheiro. Foi nessa função que aprendeu o ofício de açougueiro.

Consumia bastante álcool e mantinha-se afastado dos outros foi nessa época, quando passou a dormir em um quarto privativo, que Nilsen descobriu seu corpo, mas o dissociava de si mesmo. Olhava no espelho de forma que não visse seu rosto, admirava o corpo do rapaz do “outro lado” e masturbava-se. A fantasia foi tomando proporções maiores e, algum tempo depois, ele passou a imaginar que “o outro” estava morto, estado em que Nilsen considerava possível alcançar a perfeição física e emocional. Chegava a usar maquiagem para melhorar os efeitos especiais, incluindo neles sangue falso para fazer parecer que o corpo tinha sido assassinado. Imaginava alguém levando-o e enterrando-o.

Dennis jovem

Em 1972, iniciou um treinamento para se tornar policial. Uma das experiências mais marcantes do curso foi assistir a necropsias no necrotério. Ficou fascinado. Depois de um ano, desistiu da carreira. Empregou-se como entrevistador em uma agência de empregos, carreira que seguiu até ser preso.

Em 1975 mudou-se para Avenida Melrose Place, 195, ao norte de Londres, um apartamento térreo com jardim. Morava com ele David Gallichan, que negava que sua amizade fosse homossexual. Compraram uma cachorrinha, a quem chamaram Bleep, e também um gato. Dois anos depois, separaram-se, e Nilsen aumentou bastante seu consumo de álcool e as horas que passava vendo televisão. Um ano e meio depois começou a matar.

David Gallichan





Bleep

Dezesseis meses após a prisão de Nilsen, a polícia encontrou mais de mil fragmentos de osso no jardim que lhe pertenceu.


INÍCIO DA “CARREIRA”

Dennis cmeçou a matar aos 33 anos, ainda morando em Melrose. Encontrava jovens em pubs, levava-os para casa, bebiam juntos, iam para a cama e, ao acordar,ele se dava conta de que o novo amigo iria embora, deixando-o sozinho mais uma vez. Incapaz de suportar a separação, estrangulava o parceiro com uma gravata e mantinha o cadáver em sua casa enquanto era possível, acariciando o corpo sem ida, banhando-o, vendo televisão com ele ou se masturbando em sua companhia. Quando cansava, escondia o corpo embaixo das tábuas da sala. Quando sentia-se só outra vez, retirava o corpo do esconderijo e brincava com ele como se fosse um boneco.

Escavações na Av. Melrose Place, 195
No começo, Nilsen “brincava” de cativeiro com os parceiros, mas deixava-os ir. Embora ainda vivos, saíam de sua casa muito assustados com momentos sem ar que haviam enfrentado enrolados na própria gravata. Depois, Des passou a não deixá-los partir.
Ele usava inseticida em seu apartamento duas vezes por dia, para livrar-se das moscas. Um vizinho mencionou o cheiro horrível e permanente, mas Nilsen assegurou que era da construção decadente.

Para livrar-se dos corpos, prendia seu cachorro e seu gato no jardim, tirava a roupa de baixo com a qual vestia os cadáveres e os cortava em pedaços no chão da cozinha, utilizando uma faca. Algumas vezes, fervia a cabeça de suas vítimas para retirar a carne, na panela que havia comprado na época do primeiro assassinato. Também guardava pedaços de corpos no galpão do jardim, ou em um buraco perto de um arbusto, do lado de fora da casa. Os órgãos internos de suas vítimas eram colocados dentro de uma brecha entre cercas duplas de seu terreno. Alguns torsos foram guardados dentro de malas e sacolas, que levava para o quintal quando tinha tempo e os queimava. Sempre o intrigou o fato de ninguém questioná-lo sobre suas atividades nessas ocasiões. Crianças da vizinhança se aproximavam para ver o “churrasco”, que durava o dia inteiro. Nilsen as avisava para ficar distantes. Quando o fogo apagava, esmagava os crânios entre as cinzas da fogueira e espalhava os restos sobre a terra. Cada fogueira queimava até seis corpos. Doze cadáveres foram incinerados.

Quando fora residir no número 23 da rua Cranley Gardens, subúrbio de classe média de Londres, sumir com os corpos se tornou tarefa difícil pela ausência de um jardim.



VÍTIMAS

Dezembro de 1978 – um jovem irlandês anônimo, que Des trouxe para casa foi estrangulado com uma gravata. Dennis depois masturbou-se sobre o corpo, guardando-o sob piso de tábuas até agosto de 1979, quando foi cremado em uma fogueira do lado de fora.

Novembro de 1979 – Dennis tentou estrangular Andrew Ho, um jovem chinês que conseguiu escapar e chamou a polícia. Nilsen disse aos policiais que o jovem tentou roubá-lo, então, deixaram pra lá.

Dezembro de 1979 – Nilsen estrangulou o canadense Kenneth Ockendon com um fio elétrico e dissecou o corpo, jogando partes no vaso sanitário, enquanto muito dos restos cortados permaneceram comprimidos sob o piso.

Maio de 1980 – Nilsen assassinou Martyn Duffey, de 19 anos, escondendo seu corpo junto aos restos fragmentados de Ockendon.

Neste mesmo verão, Billy Sutherland, 26 anos, juntou-se ao grupo crescente, seguido em breve por uma vítima que era mexicana ou filipina. “Não posso lembrar-me dos detalhes”, depois disse: “é acadêmico; coloquei-o sob as tábuas do piso”.

Instrumentos usados nos crimes

Das cinco vítimas seguintes não se recordava o nome, identificando-os apenas pelos traços físicos ou peculiaridade de comportamento:
um jovem irlandês e um viajante malnutrido foram levados para sua casa em rápida sucessão, e ambos foram estrangulados até a morte no apartamento de Nilsen;
o oitavo foi cortado em 3 pedaços, seus restos escondidos sob o piso por dois dias antes de serem queimados em outra fogueira no jardim;
a nona vítima foi Scot, e seu sucessor um rebelde do estilo de Billy Sutherland;
o número 11 era um skinhead de conversa agradável, notável pela tatuagem de uma linha pontilhada ao redor do pescoço, com as instruções “corte aqui”. Nilsen o fez e o jovem foi incinerado em uma fogueira em maio de 1981.
em setembro de 1981, Nilsen encontrou um epiléptico, Malcolm Barlow, caído contra a parede de seu jardim e telefonou para a ambulância; no dia seguinte, Barlow foi visitar Nilsen – erro fatal.

Em outubro de 1981, Nilsen estava em sua nova residência – a Cranley Gardens, 23 – limpou a casa anterior com uma fogueira que não deixou nenhuma evidência dos 12 homicídios por quase 3 anos.

Novembro de 1981 – Nilsen tentou estrangular Paul Nobbs com uma gravata, mas este sobreviveu e não reportou a notícia à polícia.

Carl Stotter, Douglas Stewart e Paul Nobbs
vítimas sobreviventes

Em seguida, John Howlett foi afogado na banheira, pois, Nilsen não conseguiu estrangulá-lo. Os restos de Howlett foram cortados na banheira, cozidos em um caldeirão e jogados no esgoto.

Maio de 1982 – Nilsen tenta afogar Carl Stottor em uma banheira, não consegue e diz que isto era uma tentativa de “ressuscitá-lo”, pois, Carl quase se sufocou com o saco de dormir. No dia seguinte, enquanto caminhavam na floresta, mais uma vez Nilsen tenta matar Stottor que sobrevive mas não reporta à polícia o acontecido.

A vítima número 14, Graham Allen, foi assassinado e dissecado no apartamento de Nilsen. Partes de seu corpo foram colocadas em sacolas e armazenadas no armário, enquanto outras foram cozidas e jogadas no vaso sanitário.

A última vítima foi um punk, Stephen Sinclair, assassinado em 1º de fevereiro de 1983; partes do seu corpo foram jogadas no vaso sanitário uma semana depois.

Billy Sutherland, Stephen Holmes, Kenneth Ockendon e Malcolm Barlow
Vítimas

A DESCOBERTA

Com problemas de entupimento de alguns vasos sanitários no edifício, chamam um encanador para tentar resolver o problema.
Sem entender por que não conseguia desentupir os vasos após verificar a caixa de inspeção, o encanador Mike Welch aconselhou os moradores a chamar uma empresa com mais equipamentos modernos e específicos, uma espécie de roto-rooter local, a Dyno-rod.

Em 8 de fevereiro de 1983, Michael Caltran, encanador da Dyno-rod, desceu na caixa de inspeção do esgoto com uma lanterna e achou o que não estava enxergando direito ao deparar com mais de trinta pedaços de carne impedindo o fluxo no encanamento. O cheiro era de carniça, então, ligou para seu supervisor e relatou o achado. Perguntou ao morador do sótão – Denis Nilsen – se ele costumava jogar na privada os restos de carne com que alimentava seu cachorro, mas recebeu uma negativa dele. Michael resolvera retornar no outro dia com seu supervisor – nunca tinha visto um entupimento como aquele.

Michael Caltran

Nesta noite, Nilsen ainda cogitou se suicidar, mas teria que matar Bleep, sua cachorrinha, primeiro. Descartou a ideia, pois, jamais teria coragem de matar Bleep. De madrugada, Dennis desceu à caixa de esgoto, recolheu os pedaços de carne dentro de um saco de lixo e espalhou-os no jardim do fundo do edifício. Na volta, encontrou dois vizinhos e, sem graça, disse-lhes que tinha ido ao banheiro.

No dia seguinte, ao retornar com seu supervisor, o encanador não encontrou mais nenhum vestígio das carnes, o que causou estranheza na vizinha, que resolveu chamar a polícia.

Atendendo ao chamado, o detetive Peter Jay recolheu alguns poucos pedaços de ossos e carne que ainda se encontravam no local, encaminhou à universidade de Londres que identificou o tecido como humano, bem como os ossos da mão de uma pessoa.



Ao chegar em casa, Dennis encontrou 3 detetives em sua porta, que lhe disseram que a carne encontrada no encanamento era humana e perguntaram diretamente onde estava o resto do corpo. Nilsen respondeu:
  • Em sacos plásticos, no armário perto da porta. Eu mostro a vocês.

Atônitos, sem esperar por resposta tão direta, o detetive Jay indagou se havia algo mais, mas Nilsen disse que falaria tudo na delegacia. Jay, então, arriscou:
  • Estamos falando de um corpo ou dois?

Nilsen, sorrindo meio sem jeito, respondeu:
  • Quinze ou dezesseis, desde 1978...


JULGAMENTO

Nilsen aguardou julgamento na prisão de Brixton. Declarou que deixou sete de suas vítimas irem embora com vida, mas só lembrava do nome de 4 dessas.

Três testemunharam contra ele: Carl Stotter, Douglas Stewart e Paul Nobbs.

Nilsen, ao olhar as fotografias das vítimas duvidou que os familiares algum dia o perdoassem. Escreveu mais de 50 cadernos sobre suas memórias para ajudar no processo, além de esquetes mostrando seu modus operandi.

Em 24 de outubro de 1983 foi acusado por 6 homicídios e 2 tentativas de homicídio. Alegou inocência para cada uma delas.

No dia 4 de novembro de 1983 saiu seu veredicto: Dennis foi considerado culpado de todas as acusações e sentenciado à prisão perpétua e não elegível para condicional por 25 anos. Nilsen estava com 38 anos de idade.



Nilsen inspirou vários escritores, porém, sua biografia mais completa foi feita por Brian Masters, no livro “Killing for company: the story of a man addicted to murder”.

A descrição mais fiel aos acontecimentos está no livro de Brite, “Exquisite Corpse”, em que um dos personagens é baseado em Nilsen e o outro em Jeffrey Dahmer. Nilsen foi impedido de publicar sua própria biografia.

Em 2006 ele confessou em detalhes seu primeiro assassinato para a polícia, do menino Stephen Dean Holmes (14), que ele diz ser a primeira das 14 vítimas. A polícia acredita que ele matou pelo menos 15 pessoas, apesar de sete não terem sido identificadas. Holmes faz parte desse grupo, e a justiça inglesa ainda não decidiu se indiciará ou não Nilsen por esse homicídio, uma vez que ele já cumpre prisão perpétua na Prisão de Segurança Máxima de Full Sutton, perto da cidade de Pocklington, Inglaterra.

Dennis e seu companheiro de cela, Neilson


FRASES DE DENNIS

Eu somente estava me suicidando, mas sempre quem morria era o espectador”

Eu causei sonhos que levaram à morte. Este é o meu crime”

Eu dei início ao caminho da morte, e a depressão de um novo tipo de convívio”

E aí eu xinguei, xinguei e xinguei. Como, em nome do céu, eu pude ter feito qualquer destas coisas?”

“Eu fiz tudo isso por mim. Puramente egoísta. Adorei a arte e o ato da morte repetidamente. Simples assim. Depois foi tudo confusão sexual, simbolismo, exaltação ao “caído”. Eu estava exaltando a mim mesmo. Odiei a decadência e a dissecação. Não houve prazer sádico em matar. Eu os assassinei como eu mesmo gostaria de ser morto, aproveitando a extremidade do próprio ato da morte. Se eu fizesse isso comigo, experimentaria apenas uma vez. Se eu fizesse isso com outros, provaria do ato da morte várias vezes”.

Série de reportagens sobre Dennis:
Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5


Fonte: “Serial Killer: louco ou cruel?”, de Ilana Casoy
           “A enciclopédia de serial killers”, de Michael Newton.
           Real Crazy Woman - canal do You Tube


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