terça-feira, 4 de março de 2014

RICHARD TRENTON CHASE, o "Vampiro de Sacramento"



Nascido em 23 de maio de 1950, Chase foi criado em uma família rígida, sofrendo espancamentos de seu pai. Desenvolveu uma propensão a matar e mutilar animais, era piromaníaco e, na juventude, se tornou alcoólatra. Era o filho mais velho e, após o divórcio dos pais, foi morar com a mãe, desenvolvendo psicose por indução de drogas, sendo, mais tarde, diagnosticado esquizofrênico paranoico.

No ensino médio, Chase tinha muitas amigas, mas não foi capaz de se relacionar de maneira estável com nenhuma por sua incapacidade em atingir ou manter uma ereção, às vezes não conseguindo nem se excitar, na presença de mulheres. Um psiquiatra, certa vez, disse que a origem de seus problemas seria raiva reprimida ou uma possível doença mental... Chase tinha aversão ao sexo convencional e só alcançava o orgasmo através de atos violentos ou perturbadores, como matar animais e a necrofilia.

Com o tempo, começou a acusar a mãe de tentar envenená-lo, o que fez com que seu pai comprasse um apartamento para ele, obrigando-o a sair de casa. Sozinho em sua nova moradia, Chase começou a capturar, matar e estripar vários animais, chegando a devorar alguns. Fazia vitamina com as entranhas de alguns dos animais, pois dizia que isso impediria seu coração de encolher e ele tinha medo que, se seu coração encolhesse, viesse a falecer...

Em 1975, Chase foi internado involuntariamente em uma instituição mental, pois, injetou sangue de coelho em suas veias... fugiu do hospital e foi para a casa de sua mãe, sendo preso e enviado a uma instituição de criminosos insanos, onde compartilhava suas fantasias sobre matar animais com outros internos. Um dia, encontrado com manchas ao redor dos lábios, a equipe descobriu que ele havia capturado dois pássaros através das grades na janela de seu quarto e chupado o sangue destes. Os funcionários começaram a chamá-lo entre si de “Drácula”.

Depois de um tempo sob tratamento com drogas psicotrópicas, Chase deixou de ser considerado um perigo para a sociedade e foi liberado em 1976 sob fiança paga por seus pais – sua mãe decidiu que seu filho não mais precisava dos medicamentos...

De volta ao seu apartamento, reiniciou sua caçada à animais, bebendo seu sangue, inclusive animais da vizinhança... desenvolveu um fascínio por armas de fogo, comprando algumas e praticando tiro de forma obsessiva. Fascinado com os crimes do Estrangulador de Hillside, acreditava que este fora vítima de uma conspiração nazista da qual ele também tinha sido vítima.

Perdeu o interesse por higiene pessoal, como banho, escovar dentes, parou de comer e emagreceu bastante... em um dia do ano de 1977, Chase tocou a campainha de sua mãe e cumprimentou-se empurrando um gato morto em seu rosto... em seguida, jogou o gato no chão, rasgou a barriga do gato com as mãos lavando seu próprio rosto com o sangue do animal enquanto gritava. Sua mãe, calmamente, entrou em casa e não relatou a ninguém o incidente.

No dia 3 de agosto de 1977, a polícia de Nevada descobriu um veículo Ford de propriedade de Chase, próximo à Pyramid Lake, Nevada, com dois fuzis, uma pilha de roupas, um balde cheio de sangue e fígado de uma vaca... os policiais procuraram o dono, o encontrando deitado na areia, nu, encharcado de sangue dos pés à cabeça, gritando. Questionado, disse que o sangue era seu, e que vazou para fora dele através de sua carne (!!!).


DA FANTASIA PARA A REALIDADE

No dia 27 de dezembro de 1977, uma mulher contou à polícia que foi vítima de disparos vindos da rua, enquanto estava na cozinha de sua casa... não relacionavam a ninguém tal fato.

No dia 29 de dezembro de 1977, Ambrose Griffin, 51 anos, engenheiro, que morava a apenas alguns quarteirões da mulher que sofrera disparos no dia 27, foi alvejado por disparo de uma arma calibre 22... socorrido, não sobreviveu. A polícia concluiu que os disparos foram feitos de um carro em movimento e a vizinhança um carro suspeito na redondeza, mas não tinham nenhuma descrição clara.

Em 30 de dezembro do mesmo ano, um garoto de 12 anos contou à polícia que fora atacado por um homem de cabelos castanhos, com cerca de 25 anos, guiando um Pontiac Trans Am marrom... o homem atirou em sua direção enquanto ele andava de bicicleta... como não recordava a placa, os investigadores resolveram usar o mecanismo da hipnose conseguindo a placa 219EEP, descoberta que não levou a nenhum resultado.

No dia 23 de janeiro de 1978, na zona leste de Sacramento, Robert e Barbara Edwards acionaram a polícia, pois, ao chegar em casa ouviram barulhos estranhos e alguém pulando a janela dos fundos... ao correr atrás da pessoa, puderam ver apenas que se tratava de um rapaz desgrenhado. Os policiais perceberam que a casa foi muito remexida mas, o que chamou a atenção foi o fato de que o intruso urinou em cima de umas roupas limpas do bebê do casal e defecou no berço da criança.

Nas investigações, constataram que, pouco antes de ingressar na casa dos Edwards, uma vizinha, Jeanne Layton, vira o rapaz quando ela estava em seu jardim... disse que o rapaz passou por ela, testou a porta de sua casa, que estava trancada, foi até as janelas, que também estavam trancadas e voltou para a porta... encarou Jeanne, mas não se assustou, nem demonstrou emoção alguma, olhando-a de cima a baixo, deu-lhe as costas, acendeu um cigarro e saiu andando... ela não entendeu nada.

Neste mesmo dia 23 de janeiro, no mesmo bairro, David Wallin encontrou sua esposa, Teresa, de 22 anos e grávida de 3 meses, morta de forma hedionda.

Teresa estava caída de costas, com a malha levantada descobrindo os seios, a calça e calcinha abaixadas até o tornozelo, os joelhos afastados, indicando um ataque sexual e degradação da vítima. Seu mamilo esquerdo foi arrancado, seu torso estava aberto do osso esterno para baixo, e seu baço e intestino fora do corpo. Fora esfaqueada várias vezes nos pulmões, fígado, diafragma e seio esquerdo... seus rins também foram retirados e recolocados juntos dentro do corpo, embaixo do fígado e seu pâncreas estava cortado em duas partes. Segundo o legista, o assassino não tinha qualquer habilidade cirúrgica profissional, mas era um amador com experiência no assunto, tendo praticado certamente com animais.

Fezes de animais foram encontradas em sua boca e, ao redor do corpo, detectaram anéis de sangue como se um balde tivesse rodado o cadáver, além de pegadas de sangue. Teresa foi baleada 3 vezes, o banheiro estava sujo de sangue e havia um pote de iogurte sujo e vazio ao lado do corpo, certamente utilizado para beber sangue.

Provavelmente foi atingida a caminho de colocar o lixo para fora, pois, a porta estava aberta e o saco de lixo no chão... um rastro de sangue da sala para o quarto sugeria que ela foi arrastada já morta... o som estava ligado.

Dias depois dois filhotes de cachorros foram encontrados mutilados, próximo à casa dos Wallin... nas investigações, descobriram que um homem, guiando um Ford Ranchero comprou de uma família do bairro aqueles dois filhotes encontrados mortos na lata do lixo.

No dia 27 de janeiro de 1978, uma vizinha de Evelyn Miroth, que cuidaria de seu filho neste dia, Jason Miroth (6 anos), ficou preocupada com o atraso da amiga e resolveu ir até sua casa... após tocar a campainha por várias vezes sem resposta, mobilizou alguns vizinhos para verificar o que estava acontecendo e encontraram Dan Meredith, amigo de Evelyn, caído com um ferimento na cabeça, no hall de entrada, então, chamaram a polícia.

Desde manhã tinham visto o carro vermelho de Dan estacionado na porta de Evelyn e, quando o carro sumiu, presumiram que ele tivesse ido embora.



O banheiro estava sujo de sangue e a banheira, cheia de água avermelhada. Evelyn estava morta e nua sobre sua cama, com as pernas abertas... tinha um ferimento a bala na cabeça, seu abdome estava cortado e seu corpo foi eviscerado. Duas facas ensanguentada estavam próximas ao corpo... a necropsia mostraria que a vítima foi sodomizada, pois uma grande quantidade de esperma foi encontrada em seu reto, foi esfaqueada do ânus até o útero por 6 vezes e sofreu inúmeros ferimentos nos órgãos internos. Também tinha inúmeros cortes no pescoço e uma tentativa de extirpar um dos olhos.

Mais uma vez, anéis de sangue foram encontrados no carpete... o corpo do filho Jason, de 6 anos, estava do outro lado da cama. Foi baleado duas vezes na cabeça, à queima-roupa... também foram deixadas pegadas pela casa.

De repente chegou à casa Karen Ferreira, que deixara seu filho de 1 ano e 10 meses, Michael Dan Ferreira, com sua tia – Evelyn – porém, não havia rastro da criança pela casa até que encontraram um travesseiro com um furo e muito sangue... posteriormente, a perícia encontrou partes do cérebro da criança na banheira, onde o assassino deve ter começado a mutilá-lo e parou ao ouvir barulho na porta da frente, certamente fugindo com o corpo. Os restos de Michael foram encontrados em uma caixa, decapitado, no dia 24 de março de 1978.

À esquerda, a caixa onde foi encontrado o corpo do bebe Ferreira;
ao lado, o estado em que foi encontrado uma das vítimas

Depois, encontraram o carro de Meredith, abandonado em um estacionamento com a porta aberta e as chaves no contato.


A CAPTURA

Após investigações, a polícia divulgou um retrato falado: um homem estranho, subnutrido, magro e desgrenhado, que andava por aquelas vizinhanças usando uma imunda parca laranja, comprando animais de pequeno porte, cabelos castanhos...

No dia 28 de janeiro de 1978, uma mulher chamada Nancy Holden, procurou a polícia e relatou seu estranho encontro com um antigo colega de escola, chamado Richard Trenton Chase, em um shopping próximo à residência dos Wallin. Chase parecia confuso, magro, agitado, nervoso e usava uma parca laranja como a descrita no retrato falado.

A partir desse depoimento, descobriram o registro de uma arma semi-automática em nome de Chase, vendida em 1977; ele residia em Watt Avenue; em 10 de janeiro de 1978 ele retornou à loja para comprar munição.

Descobriram ainda seu registro de doenças mentais, incluindo fuga do hospital, pequenas acusações por porte de arma e drogas e uma prisão, em agosto de 1977, em Nevada. Quanto ao apartamento de Chase, quem pagava era sua mãe, no entanto, era proibida de ingressar no local. Esperaram por ele e, ao chegar, repararam que ele ainda usava a parca laranja, muito manchada e seus sapatos estavam cobertos de sangue seco... sua semi-automática também estava manchada de sangue; em seu bolso encontraram a carteira de Dan Meredith, um par de luvas de látex, e ele carregava uma caixa que continha papéis e trapos manchados de sangue...

Na delegacia, só admitiu matar cachorros... seu apartamento exalava um odor pútrido e não havia sinal algum do bebê, ainda desaparecido nesse momento. Na cozinha, encontraram vários pedaços de ossos e alguns pratos na geladeira com partes humanas... três processadores estavam imundos de sangue e cheiravam muito mal; dúzias de coleiras foram encontradas, mas nenhum animal vivo, apenas a carne deles na geladeira.

Um calendário tinha a inscrição “hoje” nos dias dos assassinatos de Wallin e Miroth, além de marcas idênticas feitas em 44 datas futuras naquele ano... um facão com marcas de sangue do bebê Ferreira estava no escorredor de louça. Programação de assassinatos futuros!?


JULGAMENTO

A defesa de Chase alegou inocência por insanidade, mas a promotoria estava determinada a provar que Chase sabia diferenciar certo do errado.

Dezenas de psiquiatras avaliaram Chase e nenhum obteve evidências de que ele matava compulsivamente, mas sim que ele acreditava que beber sangue fosse terapêutico... um dos psiquiatras o diagnosticou como portador de personalidade anti-social, não esquizofrênico – ele sabia o que estava fazendo.

O promotor alegou que, em algumas ocasiões, ele levou luvas de borracha... a aparência de Chase durante seu depoimento era horrível: havia perdido muitos quilos, seu olhar era vazio e alegou inconsciência durante o assassinato de Teresa Wallin... descreveu em detalhes os maus tratos que sofreu por toda sua vida. Recordou o assassinato e a decapitação do bebê, inclusive de ter deixado a cabeça em um balde, na esperança de conseguir mais sangue.

Em maio de 1979, Chase foi julgado legalmente são e condenado à morte na câmara de gás da Penitenciária de San Quentin.

No dia 25 de dezembro de 1980, Chase foi encontrado morto em sua cela... se suicidou depois de juntar comprimidos que tomava todos os dias, um medicamento chamado Sinequan (para tratamento de depressão e alucinações).


A MENTE DE CHASE

Segundo relato de Ilana Casoy, Chase sofria da Síndrome de Reinfield, ou vampirismo clínico, onde a pessoa é obcecada por beber sangue, animal ou humano. Trata-se de uma doença que se agrava, apresentando quatro estágios:
1- devido a um trauma ou incidente, a criança associa o gosto ou a visão de sangue com algo atraente e excitante – na adolescência, é inevitável a correlação com assuntos sexuais;
2- passa a beber o próprio sangue, através de ferimentos autoprovocados;
3- bebe sangue de animais – zoofagia;
4- fase do vampirismo real: bebe sangue humano, que obtém furtando ou roubando de hospitais ou laboratórios... em casos mais raros, mata para conseguir...

Chase contou ao psiquiatra que sabia que seu sangue estava envenenado através de um teste que fazia com o sabão: se levantasse o sabão de lavar pratos e o lado de baixo estiver seco, tudo estava bem; se o lado de baixo estiver grudento, seu sangue estaria envenenado.

Afirmou ser judeu (não era), que estava sendo perseguido por nazistas, pois tinha uma estrela-de-davi desenhada na testa (não tinha). Dizia que os nazista estavam conectados aos OVNI's que, telepaticamente, mandaram que ele matasse para repor seu sangue. Se o FBI quisesse contactá-los bastava colocar um radar em Chase.

Robert Ressler, investigador do FBI e estudioso da mente criminosa de assassinos em série, estudou profundamente o caso de Chase e descobriu que ele era provocado e ridicularizado pelos outros presos, encorajando-o a se suicidar. Conclui, então, que Chase deveria ser transferido para um hospital psiquiátrico, o que ocorreu por um certo período de tempo... porém, foi mandado de volta à San Quentin, onde se suicidou.

Documentário sobre Chase:


Fonte: Murderpedia.org
           Serial Killers: louco ou cruel, de Ilana Casoy


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