terça-feira, 4 de março de 2014

CRAIG PRICE - Anjos Assassinos



No dia 4 de setembro de 1989, Marie Bouchard foi visitar sua filha Joan Heaton, de 39 anos, e seus dois netos, Jennifer, 10 anos, e Melissa, 8 anos, na região metropolitana de Buttonwoods, em Warnidk, Rhode Island. Marie estava preocupada pois não tinha notícias da filha há uma semana.

Quando Marie chegou à casa, acharam estranho ninguém atender a porta após tocarem a campainha várias vezes e sabiam que Joan deveria estar por perto, pois, o carro estava estacionado na garagem. Decidiram entrar...



Imediatamente, perceberam que algo estava errado: o interior da casa estava salpicado de sangue, além do cheiro pútrido que permeava o ar. Ao caminharem mais para dentro da residência, fizeram a terrível descoberta... Joan estava deitada no corredor sob lençóis encharcados de sangue... sua filha mais velha, Jennifer, estava próximo à Melissa, no chão da cozinha. As três foram brutalmente assassinadas.

Marie chamou a polícia que, imediatamente, isolou a cena do crime e deu início às investigações. O crime chocou a polícia: todas as vítimas foram esfaqueadas várias vezes com facas de cozinha... a filha mais nova, Melissa, foi esfaqueada com tanta força que uma das lâminas rompeu seu pescoço; ela teve o crânio esmagado com um banquinho de cozinha. Joan foi esfaqueada 57 vezes, espancada e estrangulada. Acreditava-se que estavam mortas à 3 dias da descoberta.



A polícia de Warnick se empenhou ao máximo para pegar o assassino, contando, ainda, com a ajuda do FBI. O profiler McCrary acreditava que o assassino era provavelmente alguém da vizinhança, sugerindo ainda que conectassem este crime à outro ocorrido dois anos antes, em Buttonwoods, devido às coincidências.

Em julho de 1987, Rebecca Spencer, 27 anos, foi encontrada morta em sua sala de estar... foi esfaqueada várias vezes. Ela se preparava para se mudar para outro bairro.



Em ambos os casos – Heaton e Spencer – o assassino usou uma arma que já estava presente na casa. Para McCrary, as vítimas flagraram o assassino quando este ingressara na residência com outra finalidade, sendo assassinadas com uma “arma de oportunidade”. Outra semelhança foi o exagero com que as vítimas foram mortas... Joan e Rebecca foram esfaqueadas cerca de 60 vezes cada uma, e as crianças aproximadamente 30 vezes... pelo modo frenético com o qual foram esfaqueadas, certamente, o assassino teria cortado a própria mão, e pediu que os investigadores procurassem alguém pela vizinhança que tivesse a mão cortada ou enfaixada.

No dia 5 de setembro de 1989, os detetives Ray Pendergast e Mark Brandreth, ao patrulhar um parque perto de Buttonwoods, o primeiro avistou um rosto familiar: um garoto da vizinhança, Craig Price, de 15 anos, que ele treinara em um programa de basquete local.

Pendergast perguntou se Craig ouvira algo sobre os assassinatos; Craig disse que sim, pois, vira os corpos saindo da casa no dia anterior... ele morava há algumas portas de distância da família Heaton.

Os detetives perceberam que Craig tinha um curativo na mão e, curioso, Pendergast perguntou se ele tinha se machucado... Craig disse que tinha bebido algumas noites antes e, ao dar um soco na janela de um carro que tentara furtar, na Avenida Keeley, cortou a mão. O detetive perguntou se ele tinha certeza disso, pois, por que ele admitiria a dois policiais que tentou furtar um carro?

Parecia improvável que um adolescente cometeria tais crimes, muito menos uma criança tão bem-humorada e alegre como Craig... porém, Craig tinha um corte na mão e morava na mesma rua, fatos que os detetives não podiam ignorar.

Os detetives foram averiguar e não encontraram qualquer registro de tentativa de furto de carro na referida avenida e nem de qualquer vidro de carro quebrado. As suspeitas contra Craig aumentaram...


INVESTIGAÇÕES SOBRE CRAIG

Craig, aos 15 anos, já tinha um histórico de crimes que incluía arrombamento, roubo, espreitava o interior das casas da vizinhança e uso de drogas, além de ser conhecido por um temperamento violento. A polícia já tinha sido chamada à sua casa em mais de uma ocasião para resolver brigas em que se envolvera.

Decidiram questionar Craig mais profundamente... pediram que fosse com seus pais à delegacia para prestar esclarecimentos. Craig foi questionado mais detalhadamente sobre como ele cortou a mão... ele manteve sua história e os detetives pediram que ele passasse pelo detector de mentiras. Submetido ao polígrafo, este identificou Craig como desonesto, porém, não era prova o suficiente.

Amigos e conhecidos de Craig disseram que ele participava de uma gangue conhecida por arrombar casas, e que ele tinha se vangloriado por matar Rebecca Spencer – foi a primeira evidência que ligava Craig a um assassinato. Rapidamente, os investigadores conseguiram um mandado de busca para a casa de Craig.


No dia 17 de setembro, pela manhã, os detetives foram à casa de Craig, o que deixou seu pai chocado, porém, ele não tinha escolha a não ser deixá-los entrar. No galpão atrás da casa, encontraram várias provas incriminatórias: em um saco havia várias facas ensanguentadas (que descobriram ser sangue da família Heaton), juntamente com roupas ensanguentadas, luvas e outros objetos. Então, os investigadores acordaram Craig e o prenderam pelo assassinato de Joan, Jennifer e Melissa. Surpreendentemente, ele não se desesperou.

Para espanto dos detetives, Craig, na delegacia, imediatamente confessou os assassinatos dos Heaton, descrevendo em detalhes os acontecimentos fatídicos, apesar de vez ou outra alterar sua história. Com o relato de Craig, seu pai saiu às pressas da sala de interrogatório para vomitar e não conseguiu mais voltar. A mãe de Craig permaneceu horrorizada ao lado do filho enquanto ele relatava seus crimes.

Craig disse que sua intenção principal era arrombar a casa... encontrou uma janela aberta na cozinha e entrou, caindo acidentalmente sobre uma mesa que quebrou. Apesar do barulho, prosseguiu o roubo... não percebeu que o barulho despertou Joan que, ao entrar na cozinha, viu Craig, ao acender a luz. Os gritos de Joan acordou as crianças; Melissa correu para a cozinha para chamar a polícia, mas Craig a dominou.

Pegou algumas facas na cozinha e começou a esfaqueá-las. Durante o ataque, uma das meninas mordeu a mão de Craig que, em um acesso de raiva, mordeu o rosto da menina. Craig também mordeu Joan, quebrou um banco no rosto da menina Melissa quando ela continuou a lutar com ele. Acidentalmente, ele esfaqueou a própria mão, tirou as luvas que usava e cuidou dos ferimentos no banheiro dos Heaton, deixando um rastro de sangue e impressões atrás dele...

Admitiu ter coberto os corpos com cobertores e, em seguida, tentou limpar a cena do crime com toalhas, mas com medo de ficar por muito tempo na casa e a polícia surpreendê-lo, desistiu. Reuniu as toalhas, facas, luvas e fugiu do local.

Ao chegar em casa, escondeu suas roupas encharcadas de sangue em uma bolsa no sótão – os detetives encontraram, mais tarde, o saco no exato local que Craig disse...

Logo após, os detetives mais uma vez foram surpreendidos por Craig; perguntado sobre Rebecca Spencer, ele admitiu que também a matou – ele tinha apenas 13 anos na época. Sem qualquer dificuldade, deu detalhes da noite em questão, mostrando pouco remorso. Os detetives sentiam, ao mesmo tempo, repulsa e alívio, solucionando quatro assassinatos em poucas horas.


CONSEQUÊNCIAS

Embora a brutalidade de seus crimes, Craig nunca enfrentou um julgamento ou cumpriu pena de prisão, pois, confessou seus crimes há algumas semanas antes de seu 16º aniversário. De acordo com a lei de Rhode Island, os tribunais deveriam encaminhá-lo à uma instituição juvenil até completar 21 anos – portanto, após 5 anos, Craig seria um homem livre, com o registro limpo.

Essa decisão enfureceu os cidadãos de Rhode Island, especialmente as famílias das vítimas. A lei trabalhava a favor de Craig e, naquela época, serial killers com idade menor que 16 anos eram raros... Craig foi considerado um dos mais jovens assassinos do país.

Mesmo não podendo ser julgado, Craig teve que passar por uma audiência antes de ser enviado à instituição. No dia 21 de setembro de 1989, Craig apresentou-se perante o juiz Carmine R. DiPetrillo, no Tribunal do condado de Kent, sendo considerado culpado dos assassinatos e acusações de roubo.

Condenado à 5 anos no “Centro de Treinamento Correicional”, de Rhode Island, de segurança máxima; foi determinada a sua submissão à exame psicológico intenso e terapia. Craig se recusou ao tratamento e também a discutir oficialmente os assassinatos invocando a Quinta Emenda.

Com base no parecer de seus advogados, se retirou do programa de diagnóstico e tratamento... de acordo com os documentos judiciais, o argumento utilizado foi baseado “no temor de que o exame psiquiátrico resultasse no encaminhamento de Craig à uma clínica psiquiátrica, o que poderia ultrapassar o seu 21º aniversário”.

Na instituição, Craig completou o ensino médio e começou a fazer cursos universitário online, para conseguir um bom emprego ao deixar o centro.

Em 1993, embora tenha recusado o tratamento, desenvolveu uma reputação por bom comportamento que rendeu a permissão para aconselhar outros jovens; ainda, teve a permissão de fazer um vídeo de rapa, que incluiu letras ameaçadoras.

Quando souberam, através de reportagens, do tratamento VIP recebido por Craig na instituição, os cidadãos de Rhode Island exigiram sua interrupção. O tempo para a libertação de Craig estava se expirando – tinha menos de um ano e meio para que descobrissem uma forma de mantê-lo na instituição.


CAMPANHA CONTRA A LIBERTAÇÃO

Quatro pessoas foram fundamentais na campanha: Marie (mãe de Joan), sua irmã, Mary Lou, o capitão Kevin Collins (liderou a investigação dos Heaton) e o Procurador-Geral Jeffrey Pine.

Em 1990 pressionaram o legislativo para a aprovação do projeto de lei O'Neil, que endureceu penas sobre assassinos adolescentes. Em maio de 1994, o então presidente Bill Clinton também demonstrou sua indignação em saber que Craig seria libertado em aproximadamente 6 meses.

Em 8 de junho de 1994, Rhode Island ficou chocada em saber que Craig foi indiciado por uma acusação de agressão simples e extorsão ao ameaçar o diretor da instituição, Mark Petrella. Acusado, institui-se a fiança de 500mil dólares e seu julgamento foi marcado. Neste mesmo mês, ele foi informado de que sua recusa em se submeter a exames psiquiátricos poderia levá-lo a ser preso por desacato ao tribunal, mas ele não se abalou.

Ao ser ouvido no tribunal, em 27 de junho, novamente determinado que passasse por exame psiquiátrico, Craig se recusou e o juiz acrescentou mais um ano a sua permanência na instituição.

Em outubro de 1994, Craig foi condenado à 15 anos, oito dos quais foram suspensos por sua permanência na Instituição Correicional de Adultos, em Cranston. Em fevereiro de 1996, mordeu o dedo de um agente penitenciário – o que acrescentou mais um ano à sua condenação.

Em outubro de 1998, mais sete anos foram adicionados à sua sentença por agredir outro agente penitenciário, o que se seguiu em fevereiro de 1999 e outubro de 2001, condenado a um total de mais 4 anos por agressão verbal e física aos agentes penitenciários.

Atualmente, não há como dizer “quando” Craig será libertado... a data está prevista para fevereiro de 2022, porém, alguns esperam que ele seja libertado bem depois disso, devido seu comportamento agressivo.

Fonte: Murderpedia.org


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