sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

JORDAN BROWN, EUA - Anjos Assassinos



Christian Brown, pai de Jordan, descreveu o menino como uma criança normal, alegre e carinhosa. Sua mãe declarou: “Não sei o que aconteceu naquela casa, mas eu sei que o meu filho não fez aquilo. Jordan era uma típica criança de 11 anos, muito alegre e carinhoso”.

No entanto, a polícia afirma que essa mesma criança carinhosa, no dia 20 de fevereiro de 2009, encostou uma espingarda calibre 20 na cabeça de sua madrasta grávida de 8 meses, Kenzie Houk (26) e puxou o gatilho. Ela e o bebê faleceram. Então, Jordan guardou a arma, pegou sua mochila e foi para a escola como se nada tivesse acontecido e, quando perguntado pela polícia o que tinha acontecido, disse que viu uma camionete preta rondando o local.

O CRIME

Na quinta, 19 de fevereiro de 2009, Jordan entrou no ônibus escolar, como sempre faz, na Pensilvânia. Sexta, dia 20, foi diferente. Segundo a polícia, antes de deixar a fazenda onde morava com seu pai e a madrasta em Wanpum, Pensilvânia, Jordan matou com um tiro na parte de trás da cabeça sua madrasta grávida, enquanto deitada na cama. Colocou a arma, uma espingarda calibre 20, de volta em seu quarto e saiu para pegar o ônibus. O bebê faleceu poucos minutos depois por falta de oxigênio, segundo os peritos.

Kenzie e suas filhas Jenessa e Adalynn

A família de Kenzie Houk (madrasta de Jordan), disse que eles tiveram problemas de relacionamento com Jordan. O menino tinha ciúmes da madrasta com seu pai. O irmão de Houk, Jack, disse que a gravidez de Kenzie só agravou a situação entre eles.

Segundo a polícia, a espingarda usada é projetada para crianças, tendo um braço mais curto e que essas armas não (ou costumavam) ser registradas. O irmão de Kenzie disse que o menino e seu pai praticavam tiro atrás da fazenda em que moravam e que caçavam juntos.




REPERCUSSÃO

O caso teve repercussão mundial, pois, como Jordan seria julgado como adulto com apenas 11 anos de idade, poderia ser a pessoa mais nova da história dos EUA a ser condenada à prisão perpétua.

As declarações de um psicólogo do Shadyside Hospital, em Pittsburgh, afirma que o cérebro humano não se desenvolve plenamente antes dos 25 anos, e que, provavelmente, Jordan entende a diferença entre o bem e o mal, mas as chances de entender as consequências de suas ações da mesma forma que entenderia com 21 anos são poucas...

Se Jordan fosse julgado como adulto, seria condenado a uma pena de prisão perpétua sem liberdade condicional.

Segundo Michelle Leighton, diretora do Programa de Direitos Humanos da Universidade de San Francisco, existem 8 casos em que crianças de 13 anos ou mais foram condenadas à prisão perpétua sem liberdade condicional, porém, não há nenhum caso de crianças com idade menor que essa. De acordo com Michelle, “é injusto sentenciar nossas crianças a morrer na prisão”, e afirma que os EUA são o único país que sentencia suas crianças à morrer na prisão, colocando o Estado da Pensilvânia como o que aplica prisão perpétua em pessoas mais jovens do que qualquer outro Estado.

Para Michelle, Jordan é “uma criança extremamente perturbada, mas isso não faz dele um adulto e não podemos fingir que ele é um adulto. Sua condenação como adulto não traz os mortos de volta”.

Na Pensilvânia, qualquer pessoa a partir dos 10 anos é julgada automaticamente pelo tribunal de adultos. O advogado de defesa, Dennis Elisco, esclarece: “Quando essa lei foi aprovada, anos atrás, havia um sério problema com gangues que recrutavam garotos de 10 ou 11 anos para cometer assassinatos. Num caso desses, eu concordaria com a prisão perpétua. Mas Jordan é um exemplo oposto”.

A estratégia dos advogados de defesa é transferir o caso para a corte juvenil – existem precedentes para a concessão de tal medida:

→ no ano de 2007, uma menina da cidade de Elizabeth Township, na Pensilvânia, disse que matou a tiros seu pai porque ele abusava sexualmente dela. Rachel Booth, de 13 anos, atirou no rosto de seu pai com uma espingarda calibre 12 enquanto ele dormia. Um acordo com o Ministério Público transferiu seu caso para a corte juvenil, o que impediu sua prisão;

→ Timothy Fullum, de Homewood, também teve seu caso transferido para a corte juvenil em 2004. Com 16 anos, ele esfaqueou seu amigo, Israel Cyrus, de 15 anos, durante uma briga. Permaneceu em uma instituição para jovens até seus 21 anos;

Desde que fora acusado em 2009, Jordan permaneceu na detenção para jovens.

A pressão da opinião pública e de organizações governamentais deu resultado: Jordan foi julgado pela corte juvenil no dia 13 de abril de 2012, considerado “delinquente” (o que, na corte juvenil, é similar à “culpado” na corte comum, para adultos) e ficará em uma instituição para jovens delinquentes até seus 21 anos.

Em maio deste ano (2013), Jordan teve sua transferência aprovada para outro instituto de jovens, no centro da Pensilvânia (mais próximo de casa), em uma audiência fechada para o público. Ainda, a Corte de Apelações da Pensilvânia anulou a decisão que condenou Jordan, no condado de Lawrence, sendo necessário um novo processo para o garoto que agora conta com 15 anos de idade, decisão esta que frustou a família de Kenzie.


MOTIVO DA ANULAÇÃO

Segundo a Corte, as evidências apresentadas no julgamento de 2012 não eram suficientes para a acusação; para eles, existe um espaço de 45 minutos entre o horário em que Jordan e uma das filhas de Houk pegaram o ônibus para a escola e o horário em que uma empresa de corte de árvores chega ao local para trabalhar. A acusação não teria apresentado nenhuma evidência de que alguém teria ou não entrado na casa durante esse tempo.

Segundo o depoimento do trabalhador da empresa de corte de árvores, ele apenas observou pegadas de criança na neve... no entanto, a acusação omitiu esse espaço temporal e desconsiderou a possibilidade de outra pessoa qualquer ter se aproximado da residência naquela manhã.

De acordo com a Corte Superior, não há impressões digitais na arma, nem sangue nas roupas de Jordan; resíduos de pólvora foram encontrados em sua camisa e calças, mas não fizeram o exame em suas mãos.

Estamos no quinto ano deste caso e, segundo os próprios advogados de defesa de Jordan, não sabem o que pode acontecer daqui por diante... Em junho deste ano (2013) a Corte Superior da Pensilvânia se manifestou no sentido de que não deseja reaver os argumentos do apelo de Jordan.

Fonte: Murderpedia
           News Online – Pittsburgh CBS Local
           Post-Gazette Pittsburgh



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