Harold
Shipman Frederick nasceu em Nottingham, Inglaterra, no dia 14 de
janeiro de 1946, o segundo de quatro filhos de Vera e Harold Shipman,
um motorista de caminhão. Família de classe média e metodistas
devotos, sua mãe morreu de câncer quando ele tinha 17 anos, de
forma semelhante ao que mais tarde se tornou seu próprio modus
operandi: guardava morfina em casa para uso nas fases posteriores da
doença, com Harold testemunhando a dor de sua mãe até sua morte em
21 de junho de 1963.
Recebeu
uma bolsa de estudos para a faculdade de medicina e graduou-se em
Leeds School of Medicine, em 1970. Começou a trabalhar na Pontal
General Infirmary, em Pontal, West Riding of Yorkshire... em 1974,
assumiu seu primeiro cargo de clínico geral, no Centro Médico
Ormerod Abraao, em Todmordem, West Yorkshire. Em 1975 foi pego
falsificando receitas para seu próprio uso... multado em 600 libras,
teve uma breve passagem por uma clínica de reabilitação de drogas
em York, um breve período como diretor médico em Hatfield College,
Durham, e trabalho temporário no National Coal Board, tornando-se
clínico geral no Centro Médico Donneybrook, em Hyde, Greater
Manchester, de 1977 até 1980. Fundou seu próprio centro cirúrgico
na Market Street, em 1993, tornando-se um membro respeitado na
comunidade.
Em
março de 1998, a Dra. Linda Reynolds começou a se preocupar com a
alta taxa de mortalidade entre os pacientes de Shipman, que
considerava necessária a cremação dos corpos das mulheres
idosas... a médica suspeitava que Shipman fosse o responsável pela
morte desses pacientes, seja por negligência ou por dolo.
Denunciado
à polícia, não conseguiram encontrar provas suficientes para
acusá-lo, o que depois se atribuiu à inexperiência os
investigadores na apuração do caso. Em abril de 1998, Shipman matou
mais três pessoas e, sua última vítima foi Kathleen Grundy,
encontrada morta em sua casa no dia 24 de junho de 1998, sendo
Shipman o último a vê-la viva e, posteriormente, assinou seu
atestado de óbito, determinando a “velhice” como causa da morte.
A
filha de Grundy, a advogada Angela Woodruff, ficou preocupada quando
o advogado Brian Burgess informou que “sua vontade tinha se
realizado” deixando 386 mil libras para Shipman e excluindo os
filhos de sua herança. O corpo de Grundy foi exumado e, quando
examinado, encontraram vestígios de diamorfina, usada para controle
da dor em pacientes terminais com câncer. Shipman foi preso em 7 de
setembro de 1998, encontrado em seu poder uma máquina de escrever
usada para redigir a “última vontade” de Grundy.
Na
investigação, a polícia conseguiu uma lista de outros 15 casos de
mortes atribuídas a Shipman e descobriram um padrão na
administração de doses letais de morfina aos pacientes, atestados
de óbito assinados por ele e registros médicos forjados, indicando
que estes estavam com a saúde debilitada.
Harold após ganhar um prêmio por ter arrecadado dinheiro para uma entidade beneficente |
Seu
julgamento ocorreu no dia 5 de outubro de 1999, acusado pelos
assassinatos de Marie West, Irene Turner, Lizzie Adams, Jean Lilley,
Ivy Lomas, Muriel Grimshaw, Marie Quinn, Kathleen Wagstaff, Bianka
Pomfret, Norah Nuttall, Pamela Hillier, Maureen Ward, Winifred
Mellor, Joan Melia e Kathleen Grundy, todas mortas entre 1995 e 1998.
Em
31 de janeiro de 2000, após seis dias de deliberação, o júri
considerou Shipman culpado pelos 15 assassinatos e por forjar a
“última vontade” de Grundy. Condenado a 15 penas de prisão
perpétua consecutivas sem possibilidade de condicional, mais 4 anos
por forjar a vontade. Dois anos depois sua sentença foi confirmada
e, em 11 de fevereiro de 2000, o Conselho Geral dos Médicos
excluíram formalmente Shipman de seus registros.
Shipman
sempre negou sua culpa, refutando as provas científicas existentes
contra ele, e nunca fez qualquer declaração sobre suas ações. Sua
esposa não acreditava nas acusações.
Quanto
aos outros (e muitos outros) casos que apontavam para Shipman, as
autoridades concluíram que seria desnecessário devido as sentenças
do primeiro julgamento. O inquérito concluiu que Harold Shipman
seja, provavelmente, responsável por mais de 250 assassinatos
durante seus anos de atuação.
Apesar das acusações contra Dr. John Bodkin
Adams, em 1957, Dr. Leonard Arthur, em 1981, e Dr. Thomas Lodwig, em
1990 (entre outros), Shipman é o único médico na história legal
britânica a ser considerado culpado por matar pacientes.
No dia 13 de janeiro de 2004, às 6h20, Shipman
cometeu suicídio por enforcamento em sua cela na prisão de
Wakefield, na véspera de seu 58º aniversário, declarado morto às
8h10. Alguns tabloides receberam esta notícia com satisfação,
enquanto algumas famílias se sentiram angustiadas, pois, o suicídio
de Shipman significava que nunca teriam a confissão de Shipman, ou
mesmo resposta de por quê ele cometera esses crimes.
AS VÍTIMAS
MARIE WEST – assassinada por Shipman em sua
casa, no dia 6 de março de 1995, aos 81 anos, sem saber que uma
amiga dela, Marion Hadfield, estava na cozinha. Ele disse que ela
morreu por um derrame.
IRENE TURNER – com 67 anos, tinha um
histórico médico complicado e, recentemente, voltado de férias
quando foi visitada por Shipman no dia 11 de julho de 1996. Injetou
morfina em Irene e, ao perceber que ela estava morrendo, pediu a um
vizinho que embalasse algumas roupas dela, pois, esta precisava ir ao
hospital. Posteriormente, disse que ela morreu de diabetes... na
exumação, foi encontrada morfina em seu corpo.
LIZZIE ADAMS – disse que chamou uma
ambulância para ela quando descoberto em sua casa, no dia 28 de
fevereiro de 1997, por um de seus amigos. Fingiu cancelar a
ambulância quando ficou claro para ele que a professora de dança
estava morta. Shipman disse que ela morreu de pneumonia... seus
registros médicos foram encontrados em uma sacola plástica na
garagem.
JEAN LILLEY – Shipman foi chamado a sua casa
em 25 de abril de 1997... um vizinho o viu sair e, quando entrou para
ver Jean, a encontrou morta. Shipman disse que Jean, de 59 anos,
morreu por insuficiência cardíaca, mas o legista não encontrou
qualquer evidência de problemas cardíacos, e sim uma dose letal de
morfina.
IVY LOMAS – com 63 anos, morreu em uma
cirurgia com Shipman, em 29 de maio de 1997. continuou a ver outros
pacientes antes de dizer que ela tinha morrido. Alterou seus
registros médicos dois dias depois e disse caiu em contradição
diversas vezes ao falar como a recepcionista havia morrido.
MURIEL GRIMSHAW – encontrada morta em sua
casa no dia 14 de julho de 1997 por sua filha, Ann Brown. Ele alegou
que Muriel morreu por um AVC. Em seguida, alterou seus registros
médicos para esconder a causa mortis. Ao ser exumado, foi encontrada
morfina em seu corpo.
MARIE QUINN – injetou morfina em sua casa no
dia 24 de novembro de 1997. Shipman disse a seu filho que Marie
telefonou para ele dizendo que achava que teve um AVC e que, ao
chegar na casa, ela já estava morta. Registros telefônicos não
mostram nenhuma chamada e não havia qualquer evidência de que ele
sofria dos problemas que ele disse.
KATHLEEN WAGSTAFF – Shipman confundiu Kath
com outra paciente e foi até a casa desta, injetou morfina nesta
senhora de 81 anos, no dia 9 de dezembro de 1997... disse que esta
morreu por uma doença cardíaca. Também não foi encontrado
registro telefônico de qualquer chamada, nem evidência de doença
cardíaca.
BIANKA POMFRET – telefonou para Shipman no
dia 10 de dezembro de 1997, sendo encontrada mais tarde morta em sua
cadeira, dentro de casa. Ele disse que ela tinha problemas cardíacos
e morreu de trombose coronária e doença isquêmica cardíaca. Em
sua exumação, foi encontrado morfina em alta quantidade.
NORAH NUTTALL – visitada em 26 de janeiro de
1998, foi encontrada morta menos de uma hora depois por seu filho em
uma cadeira. Disse Shipman que chamou uma ambulância ao encontrar
Norah morta, fingindo fazer outra chamada para cancelá-la. Os
registros telefônicos não mostraram qualquer chamada ou posterior
cancelamento.
PAMELA HILIER – com 68 anos de idade, lendo
seu jornal, recebeu a visita de Shipman, no dia 9 de fevereiro de
1998. Encontrada morta por paramédicos que contataram a polícia.
Shipman disse que ela morrera por um derrame e não seria necessária
a necropsia. Especialistas descobriram que ele fez cerca de 10
modificações em seus registros médicos da duas horas antes de seu
corpo ser encontrado.
MAUREEN WARD – 57 anos, sofria de um câncer
que desaparecera com tratamento e não tinha outros problemas de
saúde quando morreu em 18 de fevereiro de 1998. Shipman relatou sua
morte devido a um tumor cerebral. Alterou seus registros médicos que
sugerem ter o câncer se espalhado para o cérebro mas, um
especialista que a tinha acompanhado um mês antes disse ao tribunal
que não havia sinais de que seu câncer tivesse retornado.
WINIFRED MELLOR – com 73 anos, encontrada
morta em sua cadeira no dia 11 de maio de 1998, queixava-se de
sinusite. Recebeu Shipman no início deste dia que alegou,
posteriormente, que sua morte foi causada por uma trombose coronária,
embora ela estivesse em forma o suficiente para uma caminhada de duas
horas que fez algumas semanas antes de sua morte. Após envenená-la
com morfina, alterou seus registros para fazer parecer que ela se
queixara por dores no peito.
JOAN MELIA – fez uma cirurgia com Shipman no
dia 12 de junho de 1998, aos 73 anos. No mesmo dia, foi encontrada
morta em sua cadeira. Emitiu uma certidão de óbito por pneumonia
agravada por enfisema... posteriormente, foram descobertas altas
doses de morfina, mas não problemas pulmonares graves.
KATHLEEN GRUNDY – estava bem de saúde e
muito ativa um dia antes de sua morte, no dia 24 de julho de 1998.
Visitada por Shipman na manhã deste dia para uma amostra de sangue,
foi encontrada morta em seu sofá no período da tarde. Exumado,
encontraram em seu corpo altas doses de morfina, não havendo
qualquer registro de que tinha tirado amostras de sangue... Shipman
falsificou os registros do computador para fazer com que parecesse
que Grundy era usuária de drogas. Neste caso, Shipman também foi
acusado por alterar um documento em que lhe era concedido cerca de
386 mil libras.
Fonte: Murderpedia.org
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