Gary
tinha 2 anos quando seus pais se divorciaram: sua mãe acusava o
marido de “negligência grave de suas obrigações” mas, por
conta de seu alcoolismo, foi obrigada a enviar Gary e seu irmão mais
novo para viverem com o pai.
Abandonando
a escola secundária em outubro de 1961, Gary entrou para o exército
no mês seguinte e recebeu treinamento médico em Fort Sam Houston,
no Texas. Heidnik foi alocado em um hospital militar na Alemanha
Oriental, em maio de 1962, mas voltou aos EUA em outubro, submetido a
tratamento psiquiátrico por 3 meses, na Pensilvânia.
Dispensado
com honras do serviço militar, com 100% de taxa de incapacidade,
recebendo uma pensão mensal de 1.355 dólares do governo.
Durante
os 25 anos seguintes, Gary foi frequentemente submetido a
instituições mentais em Morristown, Coatesville e Honesdale, na
Pensilvânia, algumas vezes permanecendo por meses. Disse a um juiz
em 1978 que “não davam um nome técnico para sua doença, mas que
devia ser algum tipo de esquizofrenia”.
Em
fevereiro de 1964, Gary inscreveu-se em um programa de enfermagem
prática no Hospital Geral da Filadélfia, completando com sucesso o
treinamento de 1 ano e 6 meses. Em 1967 tinha dinheiro suficiente –
de seu trabalho e da pensão do governo – para comprar uma casa de
3 andares, ocupando um piso enquanto alugava os outros.
Por
outro lado, começou a sair com deficientes mentais do Instituto
Elwyn, levando-as para piqueniques, cinema e saídas para compras –
normalmente afro-americanas ou hispânicas – em encontros que
terminavam em atos sexuais na casa de Gary. Quando alguma recusava
suas investidas, eram ignoradas e estupradas.
Em
1971, Gary estabeleceu a “Igreja Unida dos Ministros de Deus”,
tendo sua congregação formada pelas clientes do Instituto Elwyn.
Seu jardim da frente tornou-se o repositório de um barco abandonado
e quatro carros velhos, mas Gary desconsiderou as reclamações de
seus locatários com ar de desdém. Ele caçava mulheres negras para
o ato sexual mas, apesar disso, falava frequentemente aos amigos
sobre a iminência de uma “guerra racial” americana.
No
outono de 1976, Gary fechou-se no porão de sua casa, armado com um
rifle e uma arma manual, desafiando seus locatários a fazer suas
reclamações pessoalmente. Um tentou subir por uma janela, mas levou
um tiro de raspão no rosto, acusação que foi posteriormente
desconsiderada, e Gary se mudou após vender a casa a um professor
universitário. O novo proprietário encontrou coleções de revistas
pornográficas, amontoados de lixo apodrecido e muitos cartuchos de
calibre 22 usados no sótão. No andar de baixo, ele encontrou um
buraco de 18 polegadas no chão de concreto, com o solo sob ele
escavado até uma profundidade de 91 centímetros.
Buraco no porão de Gary |
Porão de Gary |
Em
1977, Gary investiu 35 mil dólares no mercado de ações,
construindo sua fortuna até meio milhão de dólares durante a
década seguinte. Comprou uma frota de carros luxuosos – incluindo
Rolls Royce, Cadillac, Lincoln Continental e um furgão personalizado
– evitando os impostos devidos sob a aparência de um “bispo”
de sua igreja não existente. Compartilhou sua casa com uma mulher
deficiente mental analfabeta, que teve uma filha dele em março de
1978, sendo a criança depois entregue para uma casa de adoção.
Em
7 de maio de 1978, Gary e sua namorada dirigiram-se a uma instituição
mental em Harrisburg, pegando a irmã dela para um dia de passeio.
Aos 34 anos, sua nova companheira tinha o QI de 3 anos – fora
colocada no instituto há 20 anos. As autoridades encontraram-na no
porão sujo de Gary em 17 de maio, conduzindo-a de volta à
instituição mental, e Gary foi preso em 6 de junho, acusado de
estupro, rapto, relação sexual fora do padrão, colocação em
perigo, restrição ilegal e interferência com a custódia de uma
pessoa submetida à internação.
Em
novembro de 1978, Gary foi condenado e cumpriu 4 anos e 4 meses de
prisão, mandado a instituições mentais em 3 ocasiões após
tentativas de suicídio – por meio de pílulas, monóxido de
carbono e mastigando uma lâmpada – antes de receber a condicional
em abril de 1983.
Em
dezembro de 1984, Gary comprou sua última casa, em North Marshall
Street, Filadélfia, e colocou um anúncio da nova localização de
sua “igreja” de um homem só. Nessa época, ele hospedou Cyrill
Brown, um homem negro retardado empregado por Gary como pessoa de
serviços gerais de meio período e tarefas gerais.
Vítima de Gary |
Em
outubro de 1985, Gary casou-se com uma mulher de 22 anos da
Filadélfia, com quem ele tinha se correspondido pelos últimos 2
anos. Em contrapartida, ele começou a levar outras mulheres para
casa para atos sexuais, instigando sua esposa a sair de sua casa em
janeiro de 1986, direto para um abrigo para mulheres com lesão
corporal, reclamando que Gary frequentemente a estuprava e agredia. A
polícia registrou as acusações da esposa, que foram posteriormente
retiradas em março de 1986 quando a reclamante não compareceu ao
tribunal, permanecendo apenas sua declaração permanece, incluindo
as descrições do desempenho de Gary com 3 companheiras femininas de
uma só vez.
No
dia de Ação de Graças, em 1985, Josephina Rivera deixou o
apartamento de seu namorado após uma festa de aniversário, para
fazer algumas compras. Prostituta por meio período, ela prontamente
aceitou a oferta de Gary, de 20 dólares, para o ato sexual,
acompanhando-o até sua casa, onde ele a deixou inconsciente e a
algemou à cama. Depois, foi transferida para o porão e colocada em
um poço, com uma prancha pesada cobrindo o buraco. Neste local,
Rivera foi estuprada diariamente por Gary, sobrevivendo com uma dieta
de pão e água, com um ocasional “tratamento” na forma de comida
de cachorro e biscoitos.
No
início de dezembro, Gary capturou sua segunda cativa, Sandra
Lindsey, 25 anos, amiga retardada de Cyrill Brown. Acorrentada a uma
viga no porão, ela foi sujeita a um regime de tortura, estupro e
alimentação rançosa. Gary dividia seu tempo entre as duas
prisioneiras.
Lisa
Thomas, de 19 anos, foi raptada no Natal, com Jacqueline Askins, de
18 anos, unindo-se ao harém em janeiro de 1986. Gary começou a
jogar as mulheres umas contra as outras, encorajando-as a informar os
atos de desobediência. A punição incluía espancamento e choques
elétricos, com um refinamento ocasional de uma chave de fenda
colocada no ouvido da vítima. Em seus momentos de reflexão, Gary
regalava-as com os planos de colecionar 10 prisioneiras e ter tantos
filhos quanto possível antes de morrer.
Em
fevereiro de 1987, Sandra Lindsay morreu após diversos dias
pendurada nas correntes da viga. Gary e Rivera, que agia sob coerção,
levaram o corpo para o andar superior, onde foi colocado em uma
banheira e desmembrado com uma serra elétrica.
Foi
feita a substituição de Lindsay por Deborah Dudley, 23 anos,
raptada em março, mas como ela não cooperou, Gary a matou em 19 de
março, ligando fios elétricos a seu queixo e colocando-a em um poço
cheio de água. Dudley passou dois dias no congelador antes de Gary e
Rivera dirigirem-se para a floresta estadual de Warton, perto de
Camden, Nova Jersey, jogando o corpo no arvoredo, em 22 de março.
Dois
dias depois, Rivera escapou da prisão do porão, procurando refúgio
na casa de seu namorado, que chamou a polícia. Em 25 de março, os
investigadores entraram na casa de Gary e encontraram as paredes do
quarto cobertas com dinheiro, a cozinha decorada com moedas de 1
centavo e os restos cortados de Susan Lindsay guardados no freezer
próximo.
Manchete da época |
O
porão foi uma câmara de horrores, com 3 mulheres mal nutridas
acorrentadas à tubulação, nuas da cintura para baixo. Poços com
odores pútridos no chão serviam como seus quartos de dormir. Os
vizinhos relembraram um odor persistente de carne queimada emanando
da casa de Gary. Restos humanos foram recuperados dos ralos e os
pesquisadores dirigiram-se até Nova Jersey naquela tarde,
recuperando o corpo de Deborah Dudley.
Preso
por não pagar uma fiança de 4 milhões de dólares, Gary foi
hospitalizado em abril após tentar enforcar-se com um suporte do
chuveiro da prisão. Os advogados de defesa procuraram provar a
insanidade de seu cliente, sugerindo que foi usado para experimentos
militares com LSD durante a década de 1960, mas os jurados
rejeitaram o argumento, condenando Gary por duplo homicídio em 1º
de julho de 1988. Outras acusações incluíam 6 casos de rapto, 5
casos de estupro, 4 casos de agressão agravada e um caso de ato
sexual fora do padrão.
Em
3 de julho, o réu foi sentenciado à morte por injeção letal, com
o tempo de prisão excedente totalizando 150 a 300 anos.
Seis
meses depois, Gary tentou o suicídio mais uma vez, ingerindo uma
overdose de torazine em sua cela na prisão. Um guarda encontrou-o em
coma no dia de Ano Novo, mas Gary logo se recuperou e retornou ao
corredor da morte. A Suprema Corte da Filadélfia rejeitou uma
apelação automática em 7 de março de 1991, em que o “Louco da
Marshall Street” ordenou a seus advogados para se adiantarem em
qualquer apelação adicional.
A
data da execução foi finalmente fixada para 15 de abril de 1997 e
Gary insistia que desejava morrer conforme programado, mas sua filha
interferiu, ganhando uma interrupção indeterminada da execução
enquanto a sanidade de Gary era reexaminada.
Gary
foi executado por injeção letal em 6 de julho de 1999, pronunciado
morto às 22h29min, menos de uma hora após a Suprema Corte dos
Estados Unidos rejeitar sua apelação final.
Fonte: Murderpedia
Enciclopédia
de Serial Killers, de Michael Newton
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