Inicialmente, recomendo a visita ao link a seguir, para o blog do Aprendiz Verde, que traz, além de maiores detalhes, fotos das vítimas encontradas, investigação realizada na época, entre outros encontrados em arquivo da polícia de Cleveland... vale a pena!
Cleveland
é a segunda maior cidade de Ohio e faz parte do Condado de
Cuyahoga... Kingsbury Run é a área pobre que corta todo o lado
leste de Cleveland. Trata-se de uma pequena cidade de nômades dentro
da grande Cleveland, invadida pela onda de depressão que assolou o
país na década de 1930 – decorrente da Crise de 1929 – e,
naquela época, o cenário não era nada agradável.
Na
manhã de 23 de setembro de 1935, dois adolescentes caminhavam rindo
bastante por Kingsbury Run quando tropeçaram nas proximidades de um
barranco íngreme conhecido como Jackass Hill... um deles avistou
algo para fora do mato e, ao se aproximar caiu de joelhos com o que
vira, enquanto seu amigo deu um grito de desespero: encontraram um
corpo sem cabeça.
Ao
chegarem na cena do crime, detetives encontraram DUAS cabeças,
limpas e com o sangue drenado, conforme o relatório a seguir:
“Os
corpos de dois homens brancos, ambos decapitados, deitados no mato;
ambos (…) estavam nus, exceto um deles que tinha meias. Após uma
extensa busca, as cabeças dos dois homens foram encontradas
enterradas em locais separados, uma a cerca de 20m de um dos corpos e
a outra cabeça estava enterrada a 75m de distância do outro corpo.
Ambos os homens tiveram seus pênis removidos, que foram achados
perto de uma das cabeças. Nós também encontramos um velho casaco
azul, um boné claro e mancha de sangue em um terno. Perto havia um
balde de metal contendo uma pequena quantidade de óleo e uma tocha.
Era
evidente que óleo, ácido ou algum produto químico foi derramado
sobre um dos corpos, já que um deles estava com o tecido queimado; é
também evidente que ambos os corpos haviam permanecido lá vários
dias até começarem a se decompor”.
A idade estimadas de uma das vítimas estava
entre 40 e 45 anos, tinham 74kg e 1,70m, cabelos castanho-escuros.
Segundo o legista, a pele e os músculos, no corte exato da
decapitação, estavam retraídos, o que significava que a vítima
foi decapitada VIVA com um instrumento bastante afiado. Pela
decomposição avançada, não foi possível recolher impressões
digitais.
A outra vítima era um homem, com
aproximadamente 20 anos, olhos azuis, cabelos castanhos e pele clara,
1,55m de altura e cerca de 67kg. Nu, exceto por suas meias de algodão
pretas, segundo o legista, comera uma refeição de legumes pouco
antes de morrer. Sua causa mortis também fora a decapitação, com
queimaduras feitas por uma corda em cada um dos pulsos, castrado e
decapitado ainda consciente, com as mãos amarradas para trás. Mais
tarde, foi identificado como Edward Andrew Andrassy, 28 anos,
identificado por suas impressões digitais. Já tinha sido preso
várias vezes por bebedeiras, confusões e porte ilegal de armas;
conhecido por frequentar Kingsbury e não trabalhar.
Edward deixou sua casa no dia 19 de setembro de
1935, sem dizer para a família onde ia... segundo o legista, foi
morto no dia 20, uma sexta-feira à noite, sendo seu corpo encontrado
na tarde da segunda-feira.
Às 11h25m do dia 26 de janeiro de 1936, a
Delegacia de Homicídios de Cleveland recebeu um telefonema onde “uma
mulher de cor (termo usado para designar pessoas negras) com nome
desconhecido informou a Charles Paige que havia um corpo de uma
pessoa assassinada em um prédio na East 21 Place. Charles Paige
afirmou que ele encontrou várias partes de um corpo humano”.
Partes de um corpo foram encontrados em uma
cesta e outras foram embrulhadas em sacos de aniagem, com um terno de
algodão envolto em jornais, atrás de uma fábrica da Companhia
Hart: tratava-se da parte inferior do tronco de uma mulher com as
extremidades das coxas e, pelas impressões digitais que foram
possíveis recolher, descobriram a identidade da vítima: Florence
Saudy Polillo, 42 anos.
De acordo com o legista, Florence foi morta
entre dois a quatro dias, seu desmembramento foi feito comum
instrumento cortante, bastante afiado e, como nas primeiras vítimas,
as bordas da pele foram limpas e cortadas por alguém que tinha
habilidade de especialista para cortar a carne.
Florence era uma mulher irlandesa que se
relacionava com a chamada “parte suja” da sociedade: donos de
bordéis, prostitutas, contrabandistas, drogados e alcoólatras.
Querida por todos estes, nenhum tinha ideia do que poderia ter
acontecido.
No dia 7 de fevereiro de 1936, o resto do corpo
de Flo, exceto a cabeça, foi encontrado atrás de uma casa vazia,
espalhado contra uma cerca. Preservado pelo frio, os legistas puderam
afirmar que, assim como os outros, Flo foi decapitada VIVA...
No dia 5 de junho de 1936, dois garotos foram
pescar e pegaram um atalho por Kingsbury Run... avistaram um pacote e
um par de calças enroladas debaixo de um arbusto. Ao cutucarem o
pacote, uma cabeça saiu rolando e, aterrorizados, chamaram a
polícia. Na manhã seguinte, encontraram um cadáver nu, sem cabeça,
quase em frente a um posto policial de Nickel Plate.
A vítima era um homem alto, esguio, com
aproximadamente 20 anos e cerca de seis tatuagens no corpo: um cupido
sobreposto a uma âncora, uma pomba com a palavras “Helen-Paul”,
uma borboleta, um personagem de desenho animado, “Jiggs”; uma
seta atravessando um coração e mastro de bandeira e as iniciais
W.C.G. Uma pilha de roupas manchadas de sangue foi achada perto do
corpo; a cueca tinha uma marca de lavanderia indicando as iniciais do
proprietário, “J.D.”. Conhecido como o “Homem Tatuado”.
Um ano antes desses corpos aparecerem, a metade
inferior de um tronco de uma mulher surgiu no Lago Erie, próximo ao
Parque de Diversões de Euclid, com as pernas amputadas na altura dos
joelhos. Na época, a perícia concluiu que o corpo estava na água a
cerca de 3 ou 4 meses; a coloração da pele sugeria que o corpo fora
queimado ou tratado com um produto químico. Duas semanas antes desse
“achado”, a parte superior do tronco fora encontrado, mas quem o
achou pensou que não fosse humano... o resto nunca foi encontrado.
Ficou conhecida como “A Dama do Lago”.
No
dia 22 de julho de 1936, uma nova chamada: um cadáver decapitado de
um homem branco foi encontrado, próximo a área de Big Creek, no
sudoeste de Cleveland. O relatório de um detetive narrava o
seguinte: “(...)
foi deitado de bruços; a cabeça estava parcialmente embrulhada em
sua roupa cerca de 4,5m ao norte do corpo. Parecia que o corpo tinha
sido deitado nesse ponto há pelo menos 2 meses e estava em avançado
estado de decomposição. O corpo estava em um avançado estado de
decomposição, com a pele e acarne desnudadas em grandes áreas.
Roedores, larvas e o próprio processo de decomposição removeram as
porções das vísceras internas. A cabeça foi separada do corpo na
junção da segunda e terceira vértebras cervicais, as extremidades
dos ossos não mostram nenhuma evidência de fratura”.
Esta vítima era um homem, baixo, cerca de 40
anos, morto entre 2 ou 3 meses, o que indicava que sua morte ocorrera
ANTES do “Homem Tatuado”. Parecia estar se especializando na
decapitação das pessoas.
10 de setembro de 1936, mais um corpo foi
encontrado: duas metades de um tronco humano boiava em uma poça de
água oleosa e negra. Pequenos pedaços de carne foram encontrados em
uma borda do riacho, bem como a coxa direita. Em uma mata próxima,
foi encontrado um chapéu de feltro cinza, da loja Laudy Smart Shop,
de Ohio, com manchas que pareciam ser sangue na parte superior. Uma
camisa azul foi encontrada embrulhada em um jornal onde o corpo foi
jogado, coberta de sangue.
Dia 23 de fevereiro de 1937, mais um corpo,
quer dizer, PARTES de um corpo, foram encontrados na praia na Rua
156, próximo onde foram encontradas partes do corpo da “Dama do
Lago”, há três anos. A vítima também foi decapitada, braços
amputados e tronco dividido. A mulher foi morta entre 2 a 4 dias
atrás e não passou mais do que 3 dias na água; tinha entre 25 e 35
anos, 50 kg, pele clara... nunca foi identificada.
Suas pernas foram removidas com golpes limpos
de um instrumento afiado, bem como os braços, porém, a mutilação
do tronco não. Neste caso, a decapitação parece ter ocorrido
post-mortem. O assassino inseriu o bolso de uma calça no reto da
vítima.
Em 6 de junho de 1937, um jovem descobriu parte
do esqueleto de uma mulher que parecia estar morta a cerca de 1 ano,
deitado sobre um saco de aniagem, junto com papel de jornal do ano de
1936, sob a Ponte Lorain-Carnegie. Era uma mulher com cerca de 1,5m
de altura, ossos pequenos e delicados. A polícia recebeu uma carta
que identificava a vítima como Rose Wallace, uma prostituta
desaparecida em agosto de 1836.
Seis de julho de 1937: nova vítima, um homem,
aliás, parte superior do seu tronco e suas duas coxas foram
encontradas flutuando no rio Cuyahoga... na semana seguinte, as
demais partes surgiram, exceto a cabeça. Também nunca identificado,
tinha 1,72m, 67 kg, unhas limpas e cortadas, cerca de 42 anos,
provavelmente morto há 2 dias. A decapitação foi a causa da morte,
mas dessa vez o assassino retirou todos os órgãos abdominais,
inclusive coração...
A esta altura, já noticiavam que o assassino
poderia ser um médico e, pelo perfil traçado, um nome se encaixava
perfeitamente: Dr. Frank Sweeney.
Cresceu na área de Kingsbury Run, onde teve um
consultório. Com sérios problemas com álcool, sua mulher pediu a
separação e levou os filhos, além de ter perdido sua residência
cirúrgica no Hospital St. Alexis, próximo a Kingsbury. Havia
rumores de que era bissexual e possuía um temperamento violento
quando bebia. Foi descartado como suspeito por atender fora da
cidade, em um hospital de veteranos em Sandusky, Ohio.
Em março de 1938, em Sandusky, um cachorro
achou a perna mutilada de um homem... um especialista forense lembrou
das suspeitas quanto ao Dr. Sweeney e começou a investigar.
Descobriu que este médico voluntariamente se internou várias vezes
em um hospital para tratar o alcoolismo, internações que
intercalavam perfeitamente com os assassinatos do “Açougueiro
Louco de Cleveland”.
Descobriu ainda que o hospital de veteranos
onde Sweeney trabalhava compartilhava instalações com a
Penitenciária de Honor Farm, de Ohio, e que o médico tinha uma
estreita relação com um presidiário chamado Alex Archaki, que
tinha certeza de que o “Açougueiro” era o Dr. Sweeney pela forma
como ele o abordou em um bar 2 anos antes. Perguntava se ele tinha
algum parente na cidade, se era casado...
Toda vez que o Dr. Sweeney desaparecia do
hospital de veteranos, um corpo decapitado aparecia... como era primo
de um congressista, as investigações teriam que ser discretas.
Em 08 de abril de 1938, a perna quebrada de uma
mulher foi encontrada no rio Cuyahoga... o legista afirmou que a
perna tinha sido removida há poucos dias. Um mês depois,
encontraram dois sacos de aniagem contendo o corpo nu de uma mulher
com o tronco dividido ao meio, coxas e pés na margem do rio...
cabeça e braços nunca foram encontrados.
Agosto de 1938... um corpo desmembrado de
mulher, envolta em panos, papel pardo e papelão foi encontrado em um
depósito no final da Rua East Ninth, por homens que despejavam
sucatas no depósito. Desta vez, estavam a cabeça e as mãos... a
mulher tinha entre 30 e 40 anos, 1,62m e aproximadamente 55kg.
Vísceras decompostas, a pele das costas parecia preservada; foi
desmembrada por uma grande faca afiada e, provavelmente, morta antes
da vítima anteriormente encontrada.
Outros restos mortais foram encontrados... um
homem branco, entre 30 e 40 anos, 1,67 e 1,72m, pesando entre 61kg e
68kg, cabelo longo, grosso e castanho-escuro, também desmembrado por
uma faca grande e afiada.
A partir daí, iniciaram um “pente fino” em
Kingsbury Run, com prisão de moradores que não entendiam o que
estava acontecendo... muitos foram enviados a reformatórios e uma
ordem drástica foi dada: incendiaram o local na tentativa de dar um
fim à série de decapitações. Essa ação foi muito criticada pela
imprensa da época.
Em 23 de agosto de 1938, resolveram interrogar
Dr. Sweeney, que apareceu elegantemente vestido e, durante o
interrogatório, “brincava” com os investigadores. Fazia piadas e
não respondia claramente aos questionamentos. Depois, foi submetido
ao polígrafo. Os policiais tinham certeza de se tratar do assassino.
Quando confrontado com essa possibilidade, Dr. Sweeney retrucou:
“Então prove!”.
Depois disso, a única coisa que se sabe é que
Frank se internou por vontade própria no hospital de veteranos dois
dias após o interrogatório e vagou por hospitais pelos 30 anos
seguintes. Nunca foi um prisioneiro e podia sair voluntariamente por
dias e até meses. Enviava uma série de cartões postais estranhos e
incompreensíveis para a polícia.
Curiosamente também cessaram os assassinatos
com assinatura de “Açougueiro Louco” na mesma época. Com o
passar do tempo, o congressista junto com o xerife e um detetive
particular arquitetaram um plano para incriminar Frank Dolezal, um
alcoólatra conhecido na área, na tentativa de “limpar” o nome
de Frank Sweeney, o que teve um desfecho trágico.
Até hoje não há certeza de que realmente o
autor dos crimes de Cleveland foi o Dr. Frank Sweeney...
Fonte: Enciclopédia de Serial Killers, de
Michael Newton
O
Aprendiz Verde