Nascido
em 10 de agosto de 1908, em Tambaú, São Paulo, Benedito era o 12º
filho e sua mãe morreu em seu parto. Queixava-se de crueldades
sofridas na infância pelas mãos de seu pai que o surrava
frequentemente com argola de “rabo de tatu”, um pequeno chicote
feito de couro trançado, às vezes cabo de vassoura ou qualquer tipo
de pau, sempre na cabeça, produzindo-lhe perturbações, tonteiras,
náuseas e desmaios.
Após
uma infância de privações, passou a trabalhar como agricultor na
adolescência. Saiu de casa aos 16 anos, indo morar em Araçatuba,
onde trabalhou como condutor de carro de boi, garçom e lavador de
pratos. Contraiu várias doenças venéreas, entre elas gonorreia,
cancro venéreo e adenite inguinal.
Em
1928, ingressou nos Bombeiros, mas foi expulso por incapacidade moral
em 31/06/1936, após cometer seu primeiro crime sexual – atacou a
menor Maria num lugar ermo, no bairro Cerâmica, tentando esganá-la.
Não consumou o estupro, mas o comandante ficou sabendo do fato e
excluiu-o, sendo condenado a 1 ano de reclusão, cumpriu pena e
passou a ser serrador.
Em
1943, um acidente de trabalho fez com que perdesse as 2 primeiras
falanges do dedo indicador da mão esquerda.
Em
julho de 1946, agarrou a menor Naomi, de 16 anos, no fato que ficou
conhecido como “Crime da Estrada da Peninha”; tendo a vítima
resistido, ele a agarrou, arrastou para o mato e a estuprou. Ao ser
preso, disse que se chamava “Joaquim Moreira de Carvalho”.
Condenado a 6 anos de reclusão, esta pena foi reduzida para 3 anos e
6 meses e ele saiu em condicional em dezembro de 1949.
Em
25/01/1951, Judith sofreu tentativa de estupro por Benedito, em Poá;
em 01/08 do mesmo ano, ele tentou estuprar as irmãs Dalila e
Berenice e violentou a menina Sulamita, todas menores. Em 18 de
agosto de 1951, também em Poá, atacou a menina Dina (13 anos).
Arrastou-a para o mato, mas o estupro foi interrompido antes de ser
consumado pela chegada de um rapaz no local.
Foi
preso em flagrante em 6 de setembro de 1951 ao invadir a casa de Edna
em Itaquera do Campo, tendo utilizado um cinto para apertar seu
pescoço; porém, a menina conseguiu gritar, o que afugentou Benedito
mas, perseguido, foi preso por populares. Foi liberado por um habeas
corpus em novembro de 1951. Menos de um mês depois, em 21 de
dezembro, estuprou Lídia, em São Bernardo do Campo.
Em
1952, deu início a uma série de homicídios (os nomes das vítimas
estão trocados):
→
Vila
Diadema – 26/02/1952 – Tamara – menor – estupro e homicídio
→
Parelheiros
– 07/04/1952 – Gertrudes Dunzinger – 29 anos – estupro e
homicídio (após o crime, ainda comeu as maçãs que a vítima
trazia consigo)
→
Estrada
da Juta – 26/05/1952 – Ester – 12 anos – estupro e homicídio
(usou uma latinha de vaselina que trazia consigo)
→
Cumbica
– 28/05/1952 – Maria de Lourdes Alves – 18 anos – tentativa
de estupro (não consumou o estupro porque percebeu que a vítima
tinha um corrimento mal cheiroso – cadê a ausência de controle de
seus impulsos???? – socou a vítima até que esta desmaiasse e foi
embora);
→
Barueri
– 20/06/1952 – Rebeca – 12 anos – estupro (como a menina
estava menstruada, segundo seu depoimento, “apenas introduziu
levemente o pênis na vagina dela”... deixou-a com vida e foi
embora – mais uma vez, onde está sua loucura???);
→
Parada
XV de Novembro – 21/07/1952 – Mercília Oliveira de Souza – 18
anos – estupro e homicídio;
→
Chácara
Rudge Ramos – 2/08/1952 – Raquel – 10 anos – estupro e
homicídio
→
mesmo
local acima – Abrão – 8 anos – atentado violento ao pudor
→
Itaquaquecetuba
– 18/08/1952 – Ruth – 10 anos – estupro e homicídio
→
Sítio
Invernada – 21/08/1952 – Miriam – 15 anos – estupro e
homicídio
Benedito
casou-se com Marina Ferreira, com quem teve um filho que, aos 13
anos, foi morar na casa dos tios e não falava, de jeito nenhum,
sobre o pai.
Benedito
teve caxumba que lhe causou orquite (inflamação nos testículos) e
nem sempre secretava esperma. Alegava que, depois disso, nunca mais
conseguiu controlar seu desejo sexual – lembrem-se das vítimas de
Cumbica e Barueri – e tomava frequentemente chás de erva-de-bicho
e cambuci para reduzir sua virilidade. Colecionava tudo que saía nos
jornais sobre os estupros que cometia.
Quando
atacava vítimas menores, cobria seus corpos com suas vestes; quando
mulheres adultas, deixava-as despidas, completamente descobertas.
Fazer
sexo com sua esposa era impossível devido as enfermidades que ela
tinha; alguns dias, não se contentava nem com 5 mulheres e tinha
relações com elas até seu pênis sangrar e preferia quando a
vítima resistia. Contabilizava seus crimes em um caderninho, pois,
se um dia fosse pego, não queria assumir assassinato que não
tivesse cometido.
Em
sua residência foram encontradas as seguintes evidências:
→
3
pastas de couro (das vítimas menores que iam para a escola)
→
noticiário
de seus crimes e outros em recortes de jornais
→
vários
ternos
→
chapéu
cinza como o descrito por testemunhas
→
livros
de catecismo
→
imagem
de Santa Izildinha
→
relação
manuscrita a lápis, pelo próprio Benedito – relacionava o bairro
e o sexo da vítima
Embora
nunca tenha confessado coito anal e estrangulamento, estes foram
comprovados pela perícia, bem como a ausência do dedo indicador da
mão esquerda no pescoço das vítimas. Na pasta que transportava,
trazia cordel (cordinha fina) e uma latinha de vaselina.
Os
exames de corpo de delito comprovaram: rompimento da vagina e ânus,
lesões no pescoço e rosto, constrição da garganta, socos na
cabeça, escoriação na face interna das coxas e face anterior das
pernas, morte da vítima por estrangulamento, esganadura ou
sufocação, além de contusões e escoriações nos seios.
Cometeu
crimes contra 29 vítimas: 10 estupros seguidos de homicídio, 9
estupros, 1 atentado violento ao pudor, 6 tentativas de estupro, 1
tentativa de estupro e homicídio e 1 homicídio.
Sua
prisão preventiva foi decretada em 12 de setembro de 1952 e foi para
o Manicômio Judiciário de São Paulo em 24 de outubro de 1952
(atual Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico “Professor
André Teixeira Lima” de Franco da Rocha).
Seu
laudo diagnosticou-o como portador de psicose e/ou pseudopsicopatia
por lesão cerebral, sendo considerado de alta periculosidade.
Portanto, ABSOLVIDO por sua INIMPUTABILIDADE e mantido o resto de
seus dias em um manicômio.
Na
prisão, era considerado autoritário, dominador, meticuloso e
obediente. Responsável pelo refeitório dos pacientes, era duro com
os outros presos, que não gostavam de seu excesso de autoridade. Em
1975, levou 4 ou 5 facadas que deixou suas vísceras expostas, mas,
mesmo assim, consegui chegar ao consultório médico para receber
tratamento. Recuperou-se mas sofreu um enfarte em 1976, vindo à
óbito.
Fonte:
Serial Killers, made in Brazil, de Ilana Casoy
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