domingo, 10 de novembro de 2013

BENEDITO MOREIRA DE CARVALHO, o “Monstro de Guaianases”



Nascido em 10 de agosto de 1908, em Tambaú, São Paulo, Benedito era o 12º filho e sua mãe morreu em seu parto. Queixava-se de crueldades sofridas na infância pelas mãos de seu pai que o surrava frequentemente com argola de “rabo de tatu”, um pequeno chicote feito de couro trançado, às vezes cabo de vassoura ou qualquer tipo de pau, sempre na cabeça, produzindo-lhe perturbações, tonteiras, náuseas e desmaios.

Após uma infância de privações, passou a trabalhar como agricultor na adolescência. Saiu de casa aos 16 anos, indo morar em Araçatuba, onde trabalhou como condutor de carro de boi, garçom e lavador de pratos. Contraiu várias doenças venéreas, entre elas gonorreia, cancro venéreo e adenite inguinal.

Em 1928, ingressou nos Bombeiros, mas foi expulso por incapacidade moral em 31/06/1936, após cometer seu primeiro crime sexual – atacou a menor Maria num lugar ermo, no bairro Cerâmica, tentando esganá-la. Não consumou o estupro, mas o comandante ficou sabendo do fato e excluiu-o, sendo condenado a 1 ano de reclusão, cumpriu pena e passou a ser serrador.

Em 1943, um acidente de trabalho fez com que perdesse as 2 primeiras falanges do dedo indicador da mão esquerda.

Em julho de 1946, agarrou a menor Naomi, de 16 anos, no fato que ficou conhecido como “Crime da Estrada da Peninha”; tendo a vítima resistido, ele a agarrou, arrastou para o mato e a estuprou. Ao ser preso, disse que se chamava “Joaquim Moreira de Carvalho”. Condenado a 6 anos de reclusão, esta pena foi reduzida para 3 anos e 6 meses e ele saiu em condicional em dezembro de 1949.

Em 25/01/1951, Judith sofreu tentativa de estupro por Benedito, em Poá; em 01/08 do mesmo ano, ele tentou estuprar as irmãs Dalila e Berenice e violentou a menina Sulamita, todas menores. Em 18 de agosto de 1951, também em Poá, atacou a menina Dina (13 anos). Arrastou-a para o mato, mas o estupro foi interrompido antes de ser consumado pela chegada de um rapaz no local.

Foi preso em flagrante em 6 de setembro de 1951 ao invadir a casa de Edna em Itaquera do Campo, tendo utilizado um cinto para apertar seu pescoço; porém, a menina conseguiu gritar, o que afugentou Benedito mas, perseguido, foi preso por populares. Foi liberado por um habeas corpus em novembro de 1951. Menos de um mês depois, em 21 de dezembro, estuprou Lídia, em São Bernardo do Campo.

Em 1952, deu início a uma série de homicídios (os nomes das vítimas estão trocados):

Vila Diadema – 26/02/1952 – Tamara – menor – estupro e homicídio
Parelheiros – 07/04/1952 – Gertrudes Dunzinger – 29 anos – estupro e homicídio (após o crime, ainda comeu as maçãs que a vítima trazia consigo)
Estrada da Juta – 26/05/1952 – Ester – 12 anos – estupro e homicídio (usou uma latinha de vaselina que trazia consigo)
Cumbica – 28/05/1952 – Maria de Lourdes Alves – 18 anos – tentativa de estupro (não consumou o estupro porque percebeu que a vítima tinha um corrimento mal cheiroso – cadê a ausência de controle de seus impulsos???? – socou a vítima até que esta desmaiasse e foi embora);
Barueri – 20/06/1952 – Rebeca – 12 anos – estupro (como a menina estava menstruada, segundo seu depoimento, “apenas introduziu levemente o pênis na vagina dela”... deixou-a com vida e foi embora – mais uma vez, onde está sua loucura???);
Parada XV de Novembro – 21/07/1952 – Mercília Oliveira de Souza – 18 anos – estupro e homicídio;
Chácara Rudge Ramos – 2/08/1952 – Raquel – 10 anos – estupro e homicídio
mesmo local acima – Abrão – 8 anos – atentado violento ao pudor
Itaquaquecetuba – 18/08/1952 – Ruth – 10 anos – estupro e homicídio
Sítio Invernada – 21/08/1952 – Miriam – 15 anos – estupro e homicídio

Benedito casou-se com Marina Ferreira, com quem teve um filho que, aos 13 anos, foi morar na casa dos tios e não falava, de jeito nenhum, sobre o pai.

Benedito teve caxumba que lhe causou orquite (inflamação nos testículos) e nem sempre secretava esperma. Alegava que, depois disso, nunca mais conseguiu controlar seu desejo sexual – lembrem-se das vítimas de Cumbica e Barueri – e tomava frequentemente chás de erva-de-bicho e cambuci para reduzir sua virilidade. Colecionava tudo que saía nos jornais sobre os estupros que cometia.

Quando atacava vítimas menores, cobria seus corpos com suas vestes; quando mulheres adultas, deixava-as despidas, completamente descobertas.

Fazer sexo com sua esposa era impossível devido as enfermidades que ela tinha; alguns dias, não se contentava nem com 5 mulheres e tinha relações com elas até seu pênis sangrar e preferia quando a vítima resistia. Contabilizava seus crimes em um caderninho, pois, se um dia fosse pego, não queria assumir assassinato que não tivesse cometido.

Em sua residência foram encontradas as seguintes evidências:
3 pastas de couro (das vítimas menores que iam para a escola)
noticiário de seus crimes e outros em recortes de jornais
vários ternos
chapéu cinza como o descrito por testemunhas
livros de catecismo
imagem de Santa Izildinha
relação manuscrita a lápis, pelo próprio Benedito – relacionava o bairro e o sexo da vítima

Embora nunca tenha confessado coito anal e estrangulamento, estes foram comprovados pela perícia, bem como a ausência do dedo indicador da mão esquerda no pescoço das vítimas. Na pasta que transportava, trazia cordel (cordinha fina) e uma latinha de vaselina.

Os exames de corpo de delito comprovaram: rompimento da vagina e ânus, lesões no pescoço e rosto, constrição da garganta, socos na cabeça, escoriação na face interna das coxas e face anterior das pernas, morte da vítima por estrangulamento, esganadura ou sufocação, além de contusões e escoriações nos seios.

Cometeu crimes contra 29 vítimas: 10 estupros seguidos de homicídio, 9 estupros, 1 atentado violento ao pudor, 6 tentativas de estupro, 1 tentativa de estupro e homicídio e 1 homicídio.

Sua prisão preventiva foi decretada em 12 de setembro de 1952 e foi para o Manicômio Judiciário de São Paulo em 24 de outubro de 1952 (atual Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico “Professor André Teixeira Lima” de Franco da Rocha).

Seu laudo diagnosticou-o como portador de psicose e/ou pseudopsicopatia por lesão cerebral, sendo considerado de alta periculosidade. Portanto, ABSOLVIDO por sua INIMPUTABILIDADE e mantido o resto de seus dias em um manicômio.

Na prisão, era considerado autoritário, dominador, meticuloso e obediente. Responsável pelo refeitório dos pacientes, era duro com os outros presos, que não gostavam de seu excesso de autoridade. Em 1975, levou 4 ou 5 facadas que deixou suas vísceras expostas, mas, mesmo assim, consegui chegar ao consultório médico para receber tratamento. Recuperou-se mas sofreu um enfarte em 1976, vindo à óbito.

Fonte: Serial Killers, made in Brazil, de Ilana Casoy


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