sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ELIZABETH BATHORY (ou Erzsébet, ou Isabel), a "Condessa Sangrenta" - 43ª edição




Nascida em 1560, Elizabeth era filha de um soldado aristocrata e irmã do rei governante da Polônia. Sua família vinha de uma das mais antigas casas nobres da Hungria, e seu elmo tinha o símbolo draconiano incorporado pelo rei Sigismundo, na Ordem do Dragão. O clã Bathory teve cavaleiros, juízes, bispos, cardeais e reis, mas entrou em decadência em meados do século XVI, com a linha de sangue real desfigurada por incesto e epilepsia, e a última classe da família possuía alcoólatras, assassinos, sadistas, homossexuais (naquele época considerados criminalmente como desvio) e satanistas.

Embora fisicamente bonita, Elizabeth foi claramente o produto da genética poluída e de uma formação distorcida. Em toda sua vida, ela esteve sujeita a dores de cabeça cegantes e ataques de desmaio – provavelmente, epiléptica por natureza – que os membros supersticiosos da família diagnosticaram como possessão demoníaca.

Criada na propriedade Bathory aos pés das sorumbáticas Montanhas Cárpatos, Elizabeth foi introduzida ao culto demoníaco na adolescência, por um dos seus tios satanistas. Sua tia favorita, uma das mais notórias lésbicas húngaras, ensinou a Elizabeth os prazeres da flagelação e outras perversões, mas a jovem sempre acreditou que, no que se referia a dor, era melhor dar do que receber.

Quando Elizabeth tinha apenas 11 anos, seus pais contrataram seu futuro casamento com o conde Ferencz Nadasdy, um guerreiro aristocrata. Seu casamento foi adiado até Elizabeth completar 15 anos, finalmente celebrado em 5 de maio de 1575. A noive manteve seu nome de solteira como sinal de que sua família possuía posição superior à do clã de Nadasdy.

Os recém-casados estabeleceram-se no castelo de Csejthe, no noroeste da Hungria, mas o conde Nadasdy também mantinha outras residências suntuosas em todo o país, cada uma possuindo masmorra e câmara de tortura especialmente projetadas para atender às necessidades de Elizabeth.

Nadasdy era frequentemente ausente, por semanas ou meses, a cada vez, deixando sua esposa sozinha entediada, para encontrar sua própria diversão. Elizabeth praticava superficialmente a alquimia, favorecia suas idiossincrasias sexuais com homens e com mulheres, mudava de roupas e joias cinco ou seis vezes por dia, e admirava-se em espelhos de tamanho natural por horas. Acima de tudo, quando estava com raiva, tensa ou simplesmente entediada, a condessa torturava as serventes por esporte.

Uma das maiores fontes de irritação nos primeiros anos de casamento, foi a sogra de Elizabeth. Ansiosa por netos, a mãe de Nadasdy importunava incessantemente Elizabeth por sua falha em conceber. Elizabeth teria finalmente filhos após dez anos de casamento, mas não sentiu o impulso maternal. As jovens criadas da casa logo começaram a temer as visitas da mãe de Nadasdy, sabendo que outra rodada de ataques brutais se seguiriam, inevitavelmente, à partida da velha senhora.


A DIVERSÃO DE ELIZABETH

No que se referia à tortura, a condessa bissexual possuía uma imaginação feroz. Alguns de seus truques foram aprendidos na infância e outros foram retirados da experiência de Nadasdy na batalha com os turcos, mas ela também inventava suas próprias técnicas. Pinos e agulhas eram as práticas favoritas, perfurando os lábios e mamilos de suas vítimas, algumas vezes cravando agulhas sob suas unhas. “A pequena sórdida!”, zombava ela enquanto sua vítima se contorcia de dor. “Se dói, ela só tem que retirá-los”, dizia Elizabeth, que também se divertia mordendo suas vítimas na bochecha, peito e em qualquer outro lugar, retirando sangue com seus dentes. Outros cativos foram despidos, lambuzados com mel e expostos a ataques de formigas e abelhas.

Foi relatado que o conde Nadasdy acompanhava Elizabeth em algumas das sessões de tortura, mas com o tempo ele passou a temer a esposa, passando cada vez mais tempo na estrada e nos braços de suas amantes. Quando ele finalmente morreu em 1600 ou 1604 (os dados variam), Elizabeth perdeu toda moderação (que já não tinha), devotando-se em tempo integral a atormentar e a degradar sexualmente jovens mulheres.

Em curto espaço de tempo, ela ampliou seu escopo do pessoal da família para incluir estranhos em idade de casar. Empregados de confiança percorreram o campo em busca de presas frescas, seduzindo meninas camponesas com ofertas de emprego, recorrendo a drogas ou à força bruta à medida que a difusão dos rumores estreitava as fileiras de recrutas voluntárias. Nenhuma que entrasse para o serviço de Elizabeth escapava viva, mas os camponeses tinham poucos direitos legais naqueles dias, e uma mulher nobre não era culpada perante seus pares se a “disciplina” em sua casa fugisse de controle.

Por volta dos 40 anos, Elizabeth planejou e presidiu um holocausto particular: estimulada por sua enfermeira Ilona Joo e a alcoviteira Doratta Szentes – conhecida como “Dorka” – Elizabeth devastou o campo, reivindicando vítimas camponesas de acordo com sua vontade. Ela carregava pinças de prata especiais, projetadas para arrancar a carne, mas também ficava confortável com pinos e agulhas, ferrete e atiçador incandescente, chicote e tesoura... quase tudo. Os cúmplices da casa desnudavam suas vítimas, mantendo-as abaixadas, enquanto Elizabeth rasgava seus peitos em tiras e queimava suas vaginas com a chama da vela, algumas vezes mordendo grandes pedaços de carne de seus rostos e corpos. Uma vítima foi forçada a cozinhar e comer uma tira da própria carne, enquanto outras foram mergulhadas em água fria e deixadas para congelar na neve.

Algumas vezes, Elizabeth forçava a abertura da boca da vítima com tal força que os maxilares separavam-se. Em outras ocasiões, os serventes faziam o trabalho sujo, enquanto Elizabeth andava ao lado, gritando: “Mais! Mais ainda, mais forte ainda!”, até que desfalecia inconsciente de tão excitada.

Um “brinquedo especial” de Elizabeth era uma jaula cilíndrica construída com longas pontas na parte interna. Uma garota nua era colocada à força na jaula e então elevada a alguns metros do chão por meio de uma polia. Elizabeth ou um de seus serventes girava a gaiola com um atiçador incandescente, golpeando a garota e forçando-a contra as pontas afiadas à medida que ela tentava escapar. No papel de observadora ou de participante ativa, Elizabeth era sempre boa para incessantes comentários de sugestões e “piadas” doentias, passando para cruas obscenidades e incoerente murmúrio à medida que a noite avançava.

Na Idade Média era uma questão simples descartar a vítima sem vida: algumas foram queimadas, outras foram deixadas para se decompor nos arredores do castelo, enquanto algumas foram deixadas do lado externo para alimentar lobos e outros predadores locais. Se um corpo desmembrado fosse periodicamente encontrado, a condessa não temia nenhuma ação penal. Naquele lugar e época, o sangue real era a proteção final. Era também de alguma ajuda um dos primos de Elizabeth ser o Primeiro-Ministro húngaro e outro servir como Governador da província em que ela vivia.

Elizabeth, finalmente, excedeu (mais!?) em 1609, mudando de infelizes camponesas para filhas de nobres menores, abrindo o castelo Csejthe para oferecer “instruções de etiqueta” a 25 inocentes, escolhidas a dedo; dessa vez, quando nenhuma das vítimas sobreviveu, as reclamações atingiram os ouvidos do rei Mathias, cujo pai compareceu ao casamento de Elizabeth. O rei, por sua vez, designou o mais próximo vizinho de Elizabeth, conde Gyorgy Thurzo, a investigar o caso.

Em 26 de dezembro de 1610, Thurzo fez uma incursão tarde da noite no castelo de Csejthe e surpreendeu a condessa com as mãos vermelhas devida a uma sessão de tortura orgíaca em andamento.

Meia dúzia dos cúmplices de Elizabeth foram detidos para investigação; a condessa foi mantida em prisão domiciliar, enquanto o Parlamento acionou um regulamento especial para retirar sua imunidade para uma ação penal. O julgamento desse caso se iniciou em janeiro de 1611 e durou até o fim de fevereiro, como Chefe de Justiça Theodosius Syrmiensis presidindo uma equipe de 20 juristas menores. Oito acusações de homicídio foram alegadas no tribunal, embora muitas acusações históricas coloquem a contagem final de corpos entre 300 e 650 vítimas. A própria Elizabeth foi dispensada de participar do julgamento, mantida em seu claustro sob pesada guarda, mas a condenação em todas as acusações teve um resultado previsto. O tempo da “sanguinária condessa” esgotou-se.

Os cúmplices serventes de Elizabeth foram executados, também Dorka e Ilana Joo após tortura pública, e a condessa foi poupada e sentenciada à prisão perpétua em um pequeno apartamento no castelo Csejthe. As portas e janelas de seu apartamento foram muradas, deixando apenas fendas para ventilação e uma passagem para a bandeja de comida. Ela ali viveu isolada por 3 anos e meio, até ser encontrada morta em 21 de agosto de 1614. A data exata da sua morte é desconhecida, porque diversas refeições permaneceram intocadas antes de seu corpo ser encontrado.

A lenda Bathory cresceu ao ser contada, e muitas das narrativas recentes incorporaram narrações de vampirismo e banhos ritualísticos de sangue supostamente auxiliando Elizabeth a “permanecer jovem”. O fetiche sanguinário de Elizabeth normalmente ligado ao derramamento de sangue de alguma garota camponesa que, acidentalmente, teria respingado na condessa, se deve ao fato de Elizabeth ter se impressionada por sua pele parecer mais pálida e translúcida que o normal após esse evento – traços considerados belos naqueles dias, antes da descoberta do “bronzeado californiano”.

De fato, o extenso testemunho no julgamento de Elizabeth não fez menção literal aos banhos de sangue. Algumas vítimas foram drenadas do sangue por ferimentos brutais ou intencionalmente, mas a retirada deliberada de sangue foi ligada à prática de alquimia e magia negra por Elizabeth. De qualquer forma, sua atividade homicida começou quando ela estava na adolescência ou por volta de seus 20 anos, muito antes que a ameaça de envelhecimento sequer cruzasse seus pensamentos.

O filme "A Condessa de Sangue" foi baseado em sua história, questionando alguns atos atribuídos à Elizabeth...

Fonte: Enciclopédia de Serial Killers, de Michael Newton

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