quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

GARY HEIDNIK, o "Louco da Marshall Street" e sua "Igreja Unida dos Ministros de Deus"



Gary tinha 2 anos quando seus pais se divorciaram: sua mãe acusava o marido de “negligência grave de suas obrigações” mas, por conta de seu alcoolismo, foi obrigada a enviar Gary e seu irmão mais novo para viverem com o pai.

Abandonando a escola secundária em outubro de 1961, Gary entrou para o exército no mês seguinte e recebeu treinamento médico em Fort Sam Houston, no Texas. Heidnik foi alocado em um hospital militar na Alemanha Oriental, em maio de 1962, mas voltou aos EUA em outubro, submetido a tratamento psiquiátrico por 3 meses, na Pensilvânia.

Dispensado com honras do serviço militar, com 100% de taxa de incapacidade, recebendo uma pensão mensal de 1.355 dólares do governo.

Durante os 25 anos seguintes, Gary foi frequentemente submetido a instituições mentais em Morristown, Coatesville e Honesdale, na Pensilvânia, algumas vezes permanecendo por meses. Disse a um juiz em 1978 que “não davam um nome técnico para sua doença, mas que devia ser algum tipo de esquizofrenia”.

Em fevereiro de 1964, Gary inscreveu-se em um programa de enfermagem prática no Hospital Geral da Filadélfia, completando com sucesso o treinamento de 1 ano e 6 meses. Em 1967 tinha dinheiro suficiente – de seu trabalho e da pensão do governo – para comprar uma casa de 3 andares, ocupando um piso enquanto alugava os outros.

Por outro lado, começou a sair com deficientes mentais do Instituto Elwyn, levando-as para piqueniques, cinema e saídas para compras – normalmente afro-americanas ou hispânicas – em encontros que terminavam em atos sexuais na casa de Gary. Quando alguma recusava suas investidas, eram ignoradas e estupradas.



Em 1971, Gary estabeleceu a “Igreja Unida dos Ministros de Deus”, tendo sua congregação formada pelas clientes do Instituto Elwyn. Seu jardim da frente tornou-se o repositório de um barco abandonado e quatro carros velhos, mas Gary desconsiderou as reclamações de seus locatários com ar de desdém. Ele caçava mulheres negras para o ato sexual mas, apesar disso, falava frequentemente aos amigos sobre a iminência de uma “guerra racial” americana.

No outono de 1976, Gary fechou-se no porão de sua casa, armado com um rifle e uma arma manual, desafiando seus locatários a fazer suas reclamações pessoalmente. Um tentou subir por uma janela, mas levou um tiro de raspão no rosto, acusação que foi posteriormente desconsiderada, e Gary se mudou após vender a casa a um professor universitário. O novo proprietário encontrou coleções de revistas pornográficas, amontoados de lixo apodrecido e muitos cartuchos de calibre 22 usados no sótão. No andar de baixo, ele encontrou um buraco de 18 polegadas no chão de concreto, com o solo sob ele escavado até uma profundidade de 91 centímetros.

Buraco no porão de Gary

Porão de Gary





















Em 1977, Gary investiu 35 mil dólares no mercado de ações, construindo sua fortuna até meio milhão de dólares durante a década seguinte. Comprou uma frota de carros luxuosos – incluindo Rolls Royce, Cadillac, Lincoln Continental e um furgão personalizado – evitando os impostos devidos sob a aparência de um “bispo” de sua igreja não existente. Compartilhou sua casa com uma mulher deficiente mental analfabeta, que teve uma filha dele em março de 1978, sendo a criança depois entregue para uma casa de adoção.

Em 7 de maio de 1978, Gary e sua namorada dirigiram-se a uma instituição mental em Harrisburg, pegando a irmã dela para um dia de passeio. Aos 34 anos, sua nova companheira tinha o QI de 3 anos – fora colocada no instituto há 20 anos. As autoridades encontraram-na no porão sujo de Gary em 17 de maio, conduzindo-a de volta à instituição mental, e Gary foi preso em 6 de junho, acusado de estupro, rapto, relação sexual fora do padrão, colocação em perigo, restrição ilegal e interferência com a custódia de uma pessoa submetida à internação.



Em novembro de 1978, Gary foi condenado e cumpriu 4 anos e 4 meses de prisão, mandado a instituições mentais em 3 ocasiões após tentativas de suicídio – por meio de pílulas, monóxido de carbono e mastigando uma lâmpada – antes de receber a condicional em abril de 1983.

Em dezembro de 1984, Gary comprou sua última casa, em North Marshall Street, Filadélfia, e colocou um anúncio da nova localização de sua “igreja” de um homem só. Nessa época, ele hospedou Cyrill Brown, um homem negro retardado empregado por Gary como pessoa de serviços gerais de meio período e tarefas gerais.

Vítima de Gary

Em outubro de 1985, Gary casou-se com uma mulher de 22 anos da Filadélfia, com quem ele tinha se correspondido pelos últimos 2 anos. Em contrapartida, ele começou a levar outras mulheres para casa para atos sexuais, instigando sua esposa a sair de sua casa em janeiro de 1986, direto para um abrigo para mulheres com lesão corporal, reclamando que Gary frequentemente a estuprava e agredia. A polícia registrou as acusações da esposa, que foram posteriormente retiradas em março de 1986 quando a reclamante não compareceu ao tribunal, permanecendo apenas sua declaração permanece, incluindo as descrições do desempenho de Gary com 3 companheiras femininas de uma só vez.

No dia de Ação de Graças, em 1985, Josephina Rivera deixou o apartamento de seu namorado após uma festa de aniversário, para fazer algumas compras. Prostituta por meio período, ela prontamente aceitou a oferta de Gary, de 20 dólares, para o ato sexual, acompanhando-o até sua casa, onde ele a deixou inconsciente e a algemou à cama. Depois, foi transferida para o porão e colocada em um poço, com uma prancha pesada cobrindo o buraco. Neste local, Rivera foi estuprada diariamente por Gary, sobrevivendo com uma dieta de pão e água, com um ocasional “tratamento” na forma de comida de cachorro e biscoitos.

No início de dezembro, Gary capturou sua segunda cativa, Sandra Lindsey, 25 anos, amiga retardada de Cyrill Brown. Acorrentada a uma viga no porão, ela foi sujeita a um regime de tortura, estupro e alimentação rançosa. Gary dividia seu tempo entre as duas prisioneiras.

Lisa Thomas, de 19 anos, foi raptada no Natal, com Jacqueline Askins, de 18 anos, unindo-se ao harém em janeiro de 1986. Gary começou a jogar as mulheres umas contra as outras, encorajando-as a informar os atos de desobediência. A punição incluía espancamento e choques elétricos, com um refinamento ocasional de uma chave de fenda colocada no ouvido da vítima. Em seus momentos de reflexão, Gary regalava-as com os planos de colecionar 10 prisioneiras e ter tantos filhos quanto possível antes de morrer.

Em fevereiro de 1987, Sandra Lindsay morreu após diversos dias pendurada nas correntes da viga. Gary e Rivera, que agia sob coerção, levaram o corpo para o andar superior, onde foi colocado em uma banheira e desmembrado com uma serra elétrica.

Foi feita a substituição de Lindsay por Deborah Dudley, 23 anos, raptada em março, mas como ela não cooperou, Gary a matou em 19 de março, ligando fios elétricos a seu queixo e colocando-a em um poço cheio de água. Dudley passou dois dias no congelador antes de Gary e Rivera dirigirem-se para a floresta estadual de Warton, perto de Camden, Nova Jersey, jogando o corpo no arvoredo, em 22 de março.

Dois dias depois, Rivera escapou da prisão do porão, procurando refúgio na casa de seu namorado, que chamou a polícia. Em 25 de março, os investigadores entraram na casa de Gary e encontraram as paredes do quarto cobertas com dinheiro, a cozinha decorada com moedas de 1 centavo e os restos cortados de Susan Lindsay guardados no freezer próximo.

Manchete da época

O porão foi uma câmara de horrores, com 3 mulheres mal nutridas acorrentadas à tubulação, nuas da cintura para baixo. Poços com odores pútridos no chão serviam como seus quartos de dormir. Os vizinhos relembraram um odor persistente de carne queimada emanando da casa de Gary. Restos humanos foram recuperados dos ralos e os pesquisadores dirigiram-se até Nova Jersey naquela tarde, recuperando o corpo de Deborah Dudley.

Preso por não pagar uma fiança de 4 milhões de dólares, Gary foi hospitalizado em abril após tentar enforcar-se com um suporte do chuveiro da prisão. Os advogados de defesa procuraram provar a insanidade de seu cliente, sugerindo que foi usado para experimentos militares com LSD durante a década de 1960, mas os jurados rejeitaram o argumento, condenando Gary por duplo homicídio em 1º de julho de 1988. Outras acusações incluíam 6 casos de rapto, 5 casos de estupro, 4 casos de agressão agravada e um caso de ato sexual fora do padrão.

Em 3 de julho, o réu foi sentenciado à morte por injeção letal, com o tempo de prisão excedente totalizando 150 a 300 anos.

Seis meses depois, Gary tentou o suicídio mais uma vez, ingerindo uma overdose de torazine em sua cela na prisão. Um guarda encontrou-o em coma no dia de Ano Novo, mas Gary logo se recuperou e retornou ao corredor da morte. A Suprema Corte da Filadélfia rejeitou uma apelação automática em 7 de março de 1991, em que o “Louco da Marshall Street” ordenou a seus advogados para se adiantarem em qualquer apelação adicional.

A data da execução foi finalmente fixada para 15 de abril de 1997 e Gary insistia que desejava morrer conforme programado, mas sua filha interferiu, ganhando uma interrupção indeterminada da execução enquanto a sanidade de Gary era reexaminada.

Gary foi executado por injeção letal em 6 de julho de 1999, pronunciado morto às 22h29min, menos de uma hora após a Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitar sua apelação final.

Fonte: Murderpedia
           Enciclopédia de Serial Killers, de Michael Newton


Nenhum comentário:

Postar um comentário