sexta-feira, 11 de outubro de 2013

EDMUND EMIL KEMPER III, o "Assassino de Colegiais"



Edmund adorava ficar em casa enquanto a mãe dormia. Era o único momento do dia em que eles não discutiam. Não era à toa que o pai se separara da mãe, quando ele tinha 9 anos. Tinha saudades do pai e teve que aturar uma sucessão de padrasto.

Sentia-se menosprezado pelas mulheres da casa. Jamais esqueceu do dia em que chegou da escola, aos 10 anos, e foi levado direto para o porão por sua mãe, pois, suas irmãs tinham medo do tamanho dele. Edmundo gostava de brincar com a irmã de ser executado na câmara de gás, fingir que morria. Não via o menor problema nisso, não era uma morte comum. Apaixonou-se uma vez pela professora e comentou com sua irmã que, para beijá-la, teria que matá-la primeiro. Sua irmã passou a tratá-lo como louco.

Na escola, Ed tinha medo de apanhar de seus colegas e não tinha muitos amigos, pois, não tinha como explicar a esses que ficava trancado num porão escuro quase o dia todo, que ninguém poderia ir brincar com ele em casa, que sua mãe gritava com ele o tempo todo, etc. Ed tapava as orelhas mas continuava escutando a mãe gritar. Por isso, perdia-se em fantasias para esquecer a solidão e o inferno que passava todos os dias.

Sua mãe, no campus universitário era vista como a “mulher maravilha”, porém, quando chegava em casa, a fada se transformava em bruxa. Não cuidava de nada nem de ninguém, e ainda bateu nele porque desmembrou seus dois gatos.

Aos 15 anos, Edmund foi mandado para a casa dos avós, em uma fazenda isolada, afastado de tudo e de todos, em North Fork, Califórnia. Tentava distrair-se da raiva que o consumia saindo com seu rifle, presente do avô, acompanhado de seu fiel cachorro, caçando coelhos e esquilos. Sua avó passava o dia andando armada com uma pistola, reclamando que seu olhar a deixava nervosa, que parasse de fitá-la, o que o deixava extremamente irritado. Um dia, sentado na cozinha em frente a avó, ela pediu que ele virasse para o outro lado. Ed pegou o rifle, chamou o cachorro, e disse que sairia para caçar antes que fizesse uma besteira. A avó disse: “Não atire em passarinhos, hein?”. Ed parou, observou a avó, ergueu seu rifle e atirou em sua cabeça e em suas costas. Pegou uma toalha, enrolou na cabeça dela e a levou para o quarto... ela não mais o perturbaria.

Os avós de Edmund

Ed gostava do avô, mas não sabia sua reação ao saber o que ele tinha feito. Logo que viu o avô chegar de carro com as compras, cheio de sacolas nos braços, ergueu seu rifle e o matou com um só tiro.

Queria ligar para a mãe para ter o gosto de dizer o que fizera, mas lembrou que alguns anos atrás sua mãe o enviara ao Hospital Psiquiátrico de Atascadero. Então, quando descoberto o crime, explicou ao xerife que matara a avó só para ver como era, e o avô, para poupá-lo de ver sua mulher morta e ter um ataque cardíaco, sendo preso e diagnosticado psicótico e paranoico.

De volta a Atascadero, entendia ser seus tempos mais felizes. Seu “colegas de hospital” eram os únicos que o entendiam. Quanto mais tempo passava internado, mais suas fantasias sexuais se tornavam intrincadas e intensas, não vendo a hora de poder colocar em prática todos os seus sonhos. Achava que seus amigos estupradores tinham sido presos porque não tinham sido espertos o suficiente.

Para todos, Edmund Kemper era um trabalhador esforçado e comportado. Tinha boa aparência, inteligente e procurava na Bíblia cada referência religiosa que ouvia nas conversas do hospital. Em pouco tempo sua alta médica começou a ser providenciada e passou a frequentar uma escola perto do hospital, ainda sob supervisão. Seu maior desejo era ser um oficial da lei, o que o tornava distinto da maioria, hippies de cabelos longos. Ed tinha 2,10m de estatura e pesava 136 kg... não conseguiu ser admitido na polícia por ser alto demais.

Saiu-se bem na escola e, em três meses, foi libertado em condicional por 18 meses. Apesar dos conselhos em Atascadero de que não deveria voltar a residir com a mãe, foi pra lá que voltou. Sua mãe acabara de se mudar para Santa Cruz e trabalhava no campus da Universidade da Califórnia que, divorciada, mudou seu nome para Clarnell Strandberg.

Recomeçaram as batalhas verbais com sua mãe, as quais todos os vizinhos tinham conhecimento. Seus momentos de lazer aconteciam quando frequentava o bar “Jury Room”, frequentado por policiais, com os quais fez amizade e o chamavam de Big Ed.

Após vários empregos, estabilizou-se na Divisão de Estradas, ganhando dinheiro suficiente para alugar um apartamento e dividir as despesas com um colega. Mesmo assim, a mãe continuava a menosprezá-lo. Com o tempo, comprou um carro parecido com o da polícia com o dinheiro de uma indenização que recebera por um acidente de moto, equipou-o com um rádio transmissor, microfone e antena, e logo começou a dar caronas na estrada para lindas meninas.

Vítimas

“Pós-graduado” em fazer as pessoas confiarem nele, as levava em segurança ao seu destino enquanto aprendia a melhorar seus métodos de persuasão, e fantasiava como seria mantê-las em cativeiro para realizar suas fantasias sexuais, sem ser descoberto. Então, deu início às suas ideias: retirou a antena do carro, ajeitou a porta de modo que não abrisse por dentro, armazenou no porta-malas plásticos, facas, revólveres e cobertores.

7 de maio de 1972 – Mary Ann Pesce e Anita Luchese, estudantes do Colégio Estadual de Fresno, pegaram carona com Edmund. Em dado momento, perceberam que o caminho era diferente e, ao questioná-lo, Ed retirou uma arma debaixo do banco e as ameaçou. Prendeu Anita no porta-malas, colocou Mary Ann no banco de trás, deitou-a de bruços, algemada, colocou um saco plástico na cabeça dela e começou a estrangulá-la com uma tira de tecido. Em seguida, tirou uma faca do bolso, esfaqueando-a repetidas vezes e, por fim, cortou sua garganta.

Retirou Anita do porta-malas e esfaqueou-a com uma faca maior ainda, matando-a rapidamente. Levou os corpos para sua casa, onde instalara uma mesa para dissecação e começou a “trabalhar” o corpo de Mary Ann, matando todas as suas curiosidades. Depois, colocou os restos mortais desta em sacos plásticos e enterrou mas, não se livrou de suas cabeças, nem do corpo de Anita. O corpo de Mary Ann foi encontrado sem cabeça em agosto de 1972, porém, corpo e cabeça de Anita NUNCA foram encontrados.



14 de setembro de 1972 – Aiko Koo estava em um ponto de ônibus quando aceitou carona de Ed para chegar a sua aula de dança. Em uma curva, avistou a arma de Ed e entrou em pânico. Não conseguindo abrir a porta do carro, Ed disse que ela nada tinha a temer. Ed dirigiu até as montanhas e, ao sair da estrada, parou o carro, tentou sufocá-la e, quando esta parou de respirar, deitou-a no chão e a estuprou. Depois, estrangulou-a com o próprio lenço dela para assegurar que estivesse morta. Então, colocou de volta seu corpo no porta-malas, parou em um bar e tomou umas cervejas.

Tarde da noite, levou o corpo de Aiko para sua casa e divertiu-se com ele em sua cama mais um pouco. Dissecou seu corpo e, depois, jogou fora seus restos mortais, porém, as mãos e a cabeça em locais diferentes.

Adorava ouvir dos policiais no Jury Room os detalhes das investigações dos seus crimes, entre uma cerveja e outra. Adorou escutar de seus amigos que nunca relacionaram o desaparecimento de Aiko com o das suas primeiras vítimas. Nos quatro meses seguintes, vítimas de outros assassinos tiveram seus corpos encontrados na mesma área, mas Ed jamais foi considerado um suspeito pela polícia.

Edmund em um dos locais de crime

Em 08 de janeiro de 1973 comprou uma calibre .22 e sua próxima vítima foi Cindy Schall, levando-a para as colinas de Watsonville, matando-a com sua nova arma, com um tiro na cabeça. Agora, Ed residia nos fundos da casa de sua mãe, levou o corpo para seu quarto e esperou até que a mãe saísse para o trabalho. Fez sexo com o corpo de Cindy e, sem sua mesa de dissecação, dissecou-a na banheira, deixando depois tudo limpo para não despertar atenções. Removeu a bala do crânio da garota no quintal da mãe, acondicionou os pedaços esquartejados em sacos plásticos e jogou-os em um penhasco perto de Carmel. O corpo foi descoberto em menos de 24 hs.

Em 05 de fevereiro de 1972, após uma briga com sua mãe – outra de várias – trancou seu apartamento nos fundos e saiu em busca de outra vítima. A caronista “escolhida” foi Rosalind Thorpe. Conversavam animadamente quando Ed parou para dar carona a outra garota, Alice Liu. Nada desconfiaram, pois, o carro tinha o adesivo da Universidade de Santa Cruz, que Clarnell (mãe de Ed) achava que tivesse perdido. Ed, sem parar o carro, chamou a atenção de Rosalind para que admirasse a vista da sua janela e, com sua arma calibre .22 atirou em sua cabeça e, em seguida, atirou diversas vezes em Alice, que não morreu na hora. Ao sair da cidade, Ed atirou novamente conseguindo matá-la. Colocou os dois corpos no porta-malas. Em casa, decepou suas cabeças e guardou no porta-malas. Na manhã seguinte, fez seco com o corpo sem cabeça de Alice, extraiu a bala do crânio de Rosalind e jogou os corpos esquartejados longe de Santa Cruz, livrando-se em outro ponto, das mãos e das cabeças.

Nas conversas do Jury Room, percebia que ninguém imaginava que ele fosse o autor dos crimes e que usava o adesivo furtado de sua mãe para conseguir entrar no campus e escolher suas vítimas. Divertiu-se quando compareceu a uma de suas consultas com o psiquiatra tendo as cabeças de suas vítimas no porta-malas do carro. Sabia exatamente o que os profissionais de saúde mental esperavam que ele dissesse e assim o fazia.

Nenhuma de suas vítimas chegava perto de lhe proporcionar o prazer que sentia quando fantasiava sexo com sua mãe. Então, quando um dia relembrava dos gritos de sua mãe, Ed levantou-se do sofá, pegou um martelo-unha e dirigiu-se ao quarto da mãe, ficando lá observando-a por um longo tempo. Levantou as cobertas de sua mãe, desferiu-lhe golpes de martelo antes de decepar sua cabeça com um só golpe. Em seguida, estuprou o corpo de sua mãe, porém, continuava ouvindo os gritos dela em sua cabeça, então, arrancou com as mãos suas cordas vocais e assim deixou de ouvi-la gritar.

A mãe de Edmund

Desceu as escadas correndo e ligou para a amiga da mãe, Sarah Hallet, convidando-a para jantar, e arrumou a mesa para as duas. Ao entrar, Sarah levou uma pancada na cabeça e a estrangulou até a morte. Depois de um tempo, Ed entrou no carro de Sarah e começou a viajar sem rumo. Abandonou-o em um posto de gasolina, trocando de carro várias vezes depois. Ao chegar a Pueblo, Colorado, alugou um quarto de hotel e telefonou para a polícia de Santa Cruz, responsabilizando-se pelos 8 crimes. Ninguém acreditou achando que se tratava de um trote: “Pare de brincar, Big Ed, esta não é hora para trotes! Você não assiste à televisão? Não sabe o quanto estamos ocupados tentando pegar o assassino de sua mãe? Onde você se meteu afinal?”.

Em seus depoimentos, Ed admitiu guardar cabelo, dentes e pele de algumas vítimas como troféus, bem como a prática do canibalismo, dizendo que a carne da coxa de suas vítimas servia para fazer caçarola com macarrão. Comia suas vítimas para que estas fizessem parte dele.

Edmund ao ser preso

A polícia encontrou as cabeças de suas vítimas enterradas no jardim de sua casa, viradas de frente para o quarto de sua mãe, já que ela adorava “ser vista por todos”.

Ed levou os policiais de Santa Cruz a todos os lugares onde se livrou dos corpos. À James Jackson, seu defensor designado pela Corte, só restou alegar que ele não estava de posse de suas faculdades mentais no momento dos crimes.

No depoimento do Dr. Joel Fort, este afirmou que o réu não era paranoico esquizofrênico,utilizando-se de todos os registros referentes ao assassino desde o Hospital Psiquiátrico de Atascadero, além de entrevistas com o réu. Afirmou que Ed era obcecado por sexo e violência, carente de atenção e, durante o julgamento, tentou suicídio cortando os pulsos com uma caneta esferográfica, mas de forma nenhuma insano. Ainda disse que, se Ed fosse solto, mataria outra vez.

Seu julgamento durou 3 semanas e, quando perguntado a que pena deveria ser submetido para pagar seus crimes, Ed respondeu: “Pena de morte por tortura”.

Edmundo Emil Kemper III foi considerado pelos jurados CULPADO de assassinato em primeiro grau nos oito crimes. Foi condenado à prisão perpétua sem possibilidade de condicional. Só escapou da pena de morte por esta ter sido abolida, na época, do Estado da Califórnia.

Passou rapidamente pelo Vacaville Medical Facility, enviado em seguida para a prisão de segurança máxima de Folsom pelo resto da vida. Permanece atrás das grades até hoje. Deu extensas entrevistas a Robert Ressler, agente do FBI na época.

Em 1988 participou de um programa via satélite com John Wayne Gacy, onde discutiu seus crimes de forma explícita e loquaz. É considerado na prisão como um “serial killer genial”, pois, só foi preso com sua própria ajuda. Seu quociente de inteligência é 145.

Considerado atualmente como um preso modelo com um coração de ouro, utiliza seu tempo livre para traduzir livros para o braile. Teve, novamente, sua condicional negada em julho de 2012.

Reportagem sobre Edmund
legendas em português

Fonte: “Serial Killer – Louco ou Cruel?”, de Ilana Casoy.
           Murderpedia.org



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